Yellowjackets, o terror da angústia adolescente dos anos 1990

Uma das grandes estreias televisivas de 2021 chega finalmente a Portugal via HBO. Falámos com Tawny Cypress, uma das protagonistas.

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Tawny Cypress, à direita, é uma das estrelas de Yellowjackets DR

Uma das grandes estreias televisivas de 2021 e das que mais deram que falar nos Estados Unidos, Yellowjackets, original da Showtime, chegou finalmente a Portugal. Não via SkyShowtime, que ainda não está disponível no nosso país, mas via HBO Portugal, que daqui a menos de um mês passa a ser HBO Max. Os dez episódios, que passaram originalmente entre Novembro do ano passado e Janeiro deste ano, ficaram disponíveis esta terça-feira.

Uma criação do casal Ashley Lyle e Bart Nickerson, que antes tinham trabalhado em séries como Narcos ou Dispatches from Elsewhere, é uma série de terror com muito drama e comédia e foca-se num acidente de aviação ocorrido em 1996, quando uma equipa de futebol feminino de um liceu de Nova Jérsia é obrigada a passar 19 meses numa zona remota do Canadá, 19 meses que mudam para sempre a vida de todas elas e trazem ao de cima alguns dos seus piores instintos, forçando-as a cometer actos terríveis para sobreviver. Numa espécie de mistura entre O Deus das Moscas, de William Golding, e o desastre dos Andes de 1972, a série alterna entre 1996 e 2021, com quatro dessas adolescentes já em adultas. As versões actuais das personagens são interpretadas por Melanie Lynskey, que em 1994 protagonizou, ao lado de Kate Winslet, Amizade Sem Limites, de Peter Jackson, Juliette Lewis e Christina Ricci, caras que começaram no cinema na década de 1990, bem como Tawny Cypress, que começou um pouco mais tarde, mas já conta com quase 25 anos nesse mundo, tendo passado por séries como Heroes ou House of Cards.

Cypress, que faz da versão adulta de Taissa, uma jogadora muito focada em ganhar e que no presente é candidata ao Senado, falou com o PÚBLICO via Zoom no início de Fevereiro. Conta que um grande atractivo da série é o facto de se “passar na Nova Jérsia dos anos 1990”. “Eu estava em Nova Jérsia nos anos 1990, pareceu destino. Reconheci a Taissa logo que li o guião, fiz duas audições e consegui o papel”, continua. “Sou fã de terror e de sarcasmo adolescente. Um dos meus filmes favoritos é Heathers [comédia negra de Daniel Waters saída em 1988], isto parece muito isso”, afirma. O que é que a atrai no sarcasmo adolescente? “Não queremos ser todas umas cabras? Há pessoas neste mundo que só me conhecem como cabra. Não adoramos pessoas só a dizerem como as coisas são e a serem tão terríveis quanto são realmente? Eu gosto de ver.”

A série, descreve, “também tem muito de Stephen King”. “É uma parte enorme da minha vida. Li tantos livros dele, continuo a ler todos os que consigo encontrar.” O próprio King, no Twitter, elogiou muito a série. “Yellowjackets é o raio de uma óptima história de sobrevivência, o raio de uma boa história de mistério, e tem o seu quinhão de momentos apavorantes. O que também tem – e muitas séries actuais não têm – é uma caracterização aguda e um sentido de humor cáustico”. “É de loucos”, reage a actriz. “Sabia que tínhamos algo de bom em mãos, mas não estou habituada a esta explosão de reconhecimento... e não sei se alguma vez estarei. Não foi só Stephen King, o RuPaul também. Eu vi todos os episódios de [RuPaul's] Drag Race.”

“O meu coração ‘está’ no terror. Além de que adoro comédia. Como actriz, adoro mulheres desfeitas, é algo que me diz muito. Além disso, a música da série é incrível”, explica ainda sobre o que a atraiu. Gaba ainda a forma como toda a gente pode demonstrar óptimas prestações. “Sinto que estamos todas em destaque. É difícil dizer quem é a estrela. Bem, a Melanie Lynskey é a primeira da lista. Tecnicamente, isso faz dela a estrela, mas as histórias estão todas tão bem delineadas que é um balanço maravilhoso, a fazer toda a gente sentir-se estrela da sua própria história”, conta.

Quando as outras actrizes já eram estrelas, ela estava a viver a vida de Nova Jérsia dos anos 1990. “A série capta muito bem a angústia adolescente da altura, da melhor maneira possível”, declara, comparando-se mais com a personagem de Juliette Lewis, que não tem grande rumo, do que com a sua própria. “Não era muito ambiciosa, dava-me com outro tipo de pessoas”, partilha.

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