Estudante planearia há meses “acção terrorista” contra colegas da Universidade de Lisboa

PJ anunciou que impediu ataque com a detenção de um jovem de 18 anos que tinha na sua posse várias armas proibidas e um plano escrito com detalhes sobre o que tencionava fazer aos colegas.

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PJ impediu o que classifica como "acção terrorista" na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa RITA CHANTRE

Um estudante de 18 anos foi detido esta quinta-feira pela Polícia Judiciária suspeito do crime de terrorismo, já que estaria há meses a planear atacar os colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A “acção terrorista”, como lhe chama a Judiciária, estaria agendada para esta sexta-feira, o dia em que o jovem será presente a um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, que lhe irá aplicar as medidas de coacção. O ataque só não se terá concretizado porque a Judiciária interveio.

O suspeito, um aluno português do curso de engenharia informática, terá um perfil discreto e introvertido, não possuindo antecedentes criminais. Segundo o PÚBLICO apurou, seria um consumidor maciço de informação sobre massacres como aqueles que acontecem com frequência em estabelecimentos de ensino nos Estados Unidos.

A PJ diz que, nas buscas realizadas esta quinta-feira de manhã, encontrou um plano escrito com os detalhes do ataque, além de várias armas. O PÚBLICO sabe que no rol de objectos apreendidos há facas, catanas, dardos em aço, um arco e flechas. Não foram descobertas armas de fogo, mas foram encontrados materiais inflamáveis, como gasolina e gás, que a Judiciária acredita poderiam ser utilizados para provocar explosões.

Os investigadores estão convictos que o jovem planeava o ataque de forma isolada, não havendo ainda informação sobre as possíveis motivações para o mesmo. Para já, contudo, parecem estar excluídas razões de ordem religiosa.

Faculdade a funcionar

A situação não teve impacto na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde o jovem estudava e onde planeava cometer o ataque, que continuou a funcionar normalmente, esclareceu entretanto a direcção da instituição de ensino superior. “O trabalho desenvolvido pelas autoridades permitiu sempre que a segurança da comunidade de Ciências estivesse salvaguardada, não tendo havido, nem havendo, indícios que aconselhem a alterar o normal funcionamento da Escola”, avança, em comunicado. Ao PÚBLICO, fonte da instituição garante também que esta vai continuar a funcionar como tem sido habitual, sem qualquer condicionamento de acesso ao interior das instalações.

Atentados levados a cabo pelos chamados lobos solitários com armas brancas não são inéditos. Em Outubro passado um dinamarquês convertido ao islamismo matou quatro mulheres e um homem na Noruega recorrendo a este tipo de instrumentos. Um ano antes, em Outubro de 2020, um outro crente no Corão, matou pelo menos três pessoas e deixou várias feridas num ataque com uma faca junto a uma igreja em Nice, no sudeste de França.

Em Portugal, contudo, parece ser uma situação inédita. “A investigação foi desencadeada por suspeitas de atentado dirigido a estudantes da Universidade de Lisboa. Face à gravidade das suspeitas, foi atribuída a máxima prioridade à investigação, a qual permitiria, no dia hoje [esta quinta-feira], às primeiras horas do dia, interromper a actividade criminosa em curso”, refere a PJ em comunicado, explicando que foi detido em flagrante delito, por se encontrar na posse de várias armas proibidas, um jovem de 18 anos de idade.

“Para além de várias armas proibidas, seriam igualmente apreendidos outros artigos susceptíveis de serem usados na prática de crimes violentos, vasta documentação, para além um plano escrito com os detalhes da acção criminal a desencadear”, informa também a Judiciária, que crê estar a lidar com uma pessoa perturbada. Oriundo da zona de Fátima, o jovem encontrava-se a morar nos Olivais.

A Judiciária foi alertada para este caso por autoridades estrangeiras que monitorizam conteúdos na dark web e nas redes sociais, que encontraram indícios do planeamento de um ataque.

A faculdade garante ainda que colaborou na investigação. “A Faculdade de Ciências, após contacto das autoridades, colaborou estreitamente no contexto da investigação em curso que levou ao desenlace hoje [esta quinta-feira] conhecido, com o qual nos congratulamos. O assunto está agora nas mãos das entidades competentes”, acrescenta ainda a direcção da faculdade.

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