Ataque à Vodafone. O que foi afectado e o que já está resolvido?

O ciberataque à operadora Vodafone levado a cabo desde o final da noite de segunda-feira tem provocado várias falhas nos sistemas, afectando serviços como os Bombeiros, a rede Multibanco, o INEM e até alguns hospitais. Já foi iniciado o restabelecimento do serviço 4G.

Foto
Reuters/Neil Hall

O presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, afirmou esta terça-feira que a operadora foi vítima de um “acto criminoso” com o objectivo de tornar a rede indisponível.

Desde segunda-feira à noite que vários utilizadores desta operadora se viram afectados pelo ataque. A empresa tem estado a trabalhar para repor todas as telecomunicações e serviços.

Internet fixa, televisão e dados móveis

Apesar do serviço de internet fixa não ter sido afectado, o mesmo não se pode dizer acerca das televisões e dados móveis.

No que toca à televisão, já vários utilizadores recuperaram este serviço que, afirma Mário Vaz, “tem de ser feito numa determinada sequência”. Por último, relativamente aos dados móveis, apesar de estarem disponíveis desde cerca da meia-noite, os dados 3G não são suficientes para todos os utilizadores da rede.

Deste modo, depois de conseguirem recuperar o 3G, 2G e SMS, a prioridade é agora o serviço 4G, afirmou o presidente executivo.

Em comunicado, a empresa afirmou que já “iniciou o restabelecimento dos serviços base de dados móveis sobre a sua rede 4G”. Actualmente o arranque ainda está “condicionado a zonas restritas do país, estando gradualmente a ser expandido para o maior número possível de clientes”.

Contudo, o serviço está sujeito a certas limitações, como é o caso da velocidade máxima permitida, uma vez que é necessário garantir uma “melhor monitorização da utilização da rede” e uma distribuição mais “equitativa e sustentável da capacidade disponibilizada” aos clientes.

Corporações de bombeiros

As comunicações em casos de emergência estão, desde as 21h de segunda-feira, a ser asseguradas pela rede SIRESP na prestação de socorro por parte de corporações de bombeiros. Desde segunda-feira que várias corporações têm estado sem comunicações.

O recurso ao SIRESP provocou um aumento do tempo de reacção. Apesar disso, de acordo com António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, ninguém terá ficado sem assistência.

O SIRESP permite que se estabeleça o contacto entre os centros de distribuição de emergência e os corpos de bombeiros, assim como o contacto entre as diferentes corporações e entre as corporações e diferentes serviços (como a GNR ou a Protecção Civil).

De acordo com António Nunes, “talvez cerca de um terço das corporações [a nível nacional]” tenham a Vodafone como operadora.

Rede Multibanco

Os ATM da rede Multibanco, estiveram indisponíveis até à meia-noite de segunda-feira, altura em que foi reposto o serviço de dados 3G, informou a Vodafone.

“A SIBS [dona da marca Multibanco] é cliente Vodafone. [...] A sua rede de ATM está suportada na rede da Vodafone”, explicou Mário Vaz, presidente executivo da Vodafone Portugal. “Alguns dos ATM, como têm rede de interligação à rede móvel de dados, estiveram indisponíveis até perto da meia-noite, até ligarmos os dados em 3G”, acrescentou.

INEM

O Instituto Nacional de Emergência Médica indicou esta terça-feira que “activou no imediato o seu plano de contingência” face aos constrangimentos verificados com a rede Vodafone, garantido que o sistema esteve sempre a funcionar.

O plano de contingência consiste, então em privilegiar o accionamento de meios de emergência “através da rede SIRESP e recorrendo aos sistemas redundantes de que dispõe em termos de telecomunicações móveis”. Assim, o Sistema Integrado de Emergência Médica” esteve sempre garantido.

O INEM adianta ainda que “todas as chamadas de emergência transferidas pelas Centrais 112, geridas pela PSP, para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM sempre estiveram asseguradas a 100%, não se verificando qualquer situação anómala”.

Hospitais

Têm-se registado algumas anomalias no que diz respeito ao contacto de pacientes por parte de hospitais. Um dos hospitais afectados é o de Matosinhos, onde se viram impedidos de enviar mensagens automáticas com convocatórias para consultas e exames e resultados de testes à covid-19.

Também o hospital de Guimarães se encontra sem central telefónica, porém já disponibilizou três números para urgências.

No que toca ao IPO Lisboa, adiantou o Observador, tem-se registado dificuldades em realizar chamadas para doentes no exterior. Desta forma, o contacto tem sido realizado através de email. É de salientar que é possível ligar do exterior para o IPO, mas não o oposto.

IPMA

A rede de observação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) também foi afectada. Uma vez que não consegue disponibilizar informação em tempo real, o instituto anunciou esta terça-feira ter accionado planos de contingência.

Em termos de comunicações de dados meteorológicos relacionados com o sistema nacional de protecção civil, a situação encontra-se salvaguardada por um sistema de redundância, especificou o IPMA. No entanto, a comunicação telefónica encontra-se “condicionada”.

De acordo com o instituto, foram accionados os planos de contingência das respectivas áreas para “garantir a operacionalidade dos sistemas e assegurar os serviços mínimos, até a situação ser reposta”.

EMEL

Também a EMEL relatou problemas “inesperados nas configurações das comunicações de dados entre as estações e o sistema GIRA”. Na sequência desta situação a abertura das novas estações nas freguesias do Lumiar e Olivais será adiada para quinta-feira (10).

Polícia Judiciária

Grande parte da rede de telefones fixos da Polícia Judiciária, que está a investigar este ataque, foi afectada e ficou sem funcionar, incluindo serviços de piquete, que servem de atendimento ao público e recebimento de queixas.

Sugerir correcção
Ler 21 comentários