José Silvano sugere motivações políticas no processo das presenças-fantasma

Secretário-geral do PSD afirmou que sempre que havia manifestações políticas, fossem interna ou externa, o caso vinha para a opinião pública.

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Secretário-geral PSD afirmou que sempre que havia manifestações políticas, fossem interna ou externa, o caso vinha para a opinião pública. Anna Costa

José Silvano, secretário-geral do PSD, sugeriu nesta segunda-feira a existência de motivações políticas no processo judicial que o envolveu juntamente com a deputada Maria Emília Cerqueira no chamado caso das presenças-fantasma no Parlamento, depois de ter sido absolvido dos crimes de falsidade informática.

Silvano disse-se vítima de um julgamento “na praça pública” e acrescentou: “Cada vez que havia uma manifestação eleitoral, quer interna, quer externa – começou com uma interna, o processo surge numa questão interna e acaba com umas eleições legislativas , e, sempre que havia um caso desses existia o caso das falsas presenças do secretário-geral.”

Numa conferência de imprensa na sede do PSD em Lisboa, e transmitida pelas televisões, José Silvano acrescentou que o caso “foi aproveitado nos três anos e meio para, de alguma forma prejudicar a imagem do seu secretário-geral mas também a imagem do partido”.

O social-democrata salientou várias vezes o facto de o tribunal o ter absolvido de todos os crimes e agradeceu ao presidente do partido, Rui Rio, “por ter segurado o seu secretário-geral” ao longo deste tempo. Acrescentou mesmo acreditar que se o presidente fosse outro a situação seria diferente.

“Com outro líder, um líder fraco que ficasse sujeito àquilo que a opinião pública ou a comunicação social dizia, era mais fácil substituir o seu secretário-geral, como tantas vezes foi pressionado, do que continuar a defender o seu secretário-geral até ao fim”, afirmou, dizendo querer fazer um “agradecimento público” a Rui Rio.

Silvano apontou o seu caso como um exemplo do que o presidente do PSD se refere quando critica os chamados “julgamentos de tabacaria” e disse que, apesar de estar contente com a absolvição, ficou ainda mais feliz por “a sua palavra ter saído honrada” deste julgamento.

“A juíza provou o que disse: nunca mandei ninguém registar a minha presença e não recebi qualquer tostão pelas presenças, sempre o disse desde o início e repito no fim, isto para um transmontano é o que consola mais”, salientou.

Na sua página oficial no Twitter, Rui Rio escreveu o seguinte: “Tive dois Secretários Gerais. Ambos foram condenados na praça pública e absolvidos em tribunal. Ambos viram os seus processos de lana-caprina arrastados três anos para gáudio de políticos e comentadores. Entre acreditar neles ou no Ministério Público, acreditei neles. Obviamente!”

Neste processo, o Ministério Público (MP) pediu a condenação de José Silvano, secretário-geral do PSD, e da deputada Emília Cerqueira pelo crime de falsidade informática. Os dois membros do PSD – reeleitos nas eleições legislativas de 30 de Janeiro – defenderam em tribunal que o alegado crime não ficou provado e pediram a absolvição.

Segundo a acusação, a deputada terá usado a palavra-passe de Silvano para registar a presença deste no Parlamento em várias sessões que decorreram em Outubro de 2018.

A defesa de Silvano argumentou que o deputado cedeu as credenciais pessoais apenas para que a companheira de bancada pudesse “consultar documentos”.

A 17 de Janeiro, quando o MP pediu a condenação, José Silvano disse acreditar que seria absolvido. Afirmou ainda que a acusação não o surpreendia, esperando que “esta novela” chegasse ao fim este mês.

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