EUA restauram suspensão de sanções ao Irão, Teerão diz que não é suficiente

Washington tenta impulsionar acordo sobre o nuclear iraniano recuperando isenção de algumas sanções.

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Central nuclear em Bushehr, Irão ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

Os Estados Unidos vão voltar a instaurar a suspensão de sanções ao Irão por causa do seu programa nuclear, numa tentativa de desbloquear o impasse que oito rondas negociais desde Abril do ano passado não conseguiram ainda resolver.

Há meses que decorrem em Viena negociações entre o Irão, por um lado, e os EUA, China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido (os EUA participam indirectamente), mas as esperanças de que fosse possível conseguir algo semelhante ao acordo de 2015, patrocinado pelo antigo Presidente norte-americano Barack Obama, não são muitas.

O Presidente seguinte, Donald Trump, retirou os EUA do tratado em 2018, e decidiu mais tarde suspender as isenções de sanções, em 2019 e 2020. A ameaça de sanções americanas a empresas que investissem no Irão levou a que o impacto económico fosse ainda maior.

O Irão reagiu ao anúncio americano através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amirabdollahian. Trata-se de um “gesto de boa vontade”, que “embora pareça bem no papel, não é suficiente”, declarou. “Exigimos garantias nas esferas política, legal e económica. Já chegámos a acordo em certas coisas.”

O Irão exige o levantamento total de sanções e quer ainda garantias de que os EUA não possam sair de novo de um acordo.

Estas isenções às sanções que os EUA voltaram a decretar permitiram que empresas russas, chinesas e europeias fizessem trabalho de não-proliferação em três centrais iranianas. Isso tornava mais difícil ao Irão usar as suas centrais nucleares para desenvolver armas, segundo a agência Reuters.

Nos EUA, o regresso das isenções foi saudado por defensores do acordo, que vêem aqui um sinal de esperança de que seja possível um avanço, e recebido com críticas dos que se opõem a um entendimento com o Irão, que dizem ser um erro ter este gesto sem contrapartidas.

O acordo de 2015 previa o fim das sanções ao Irão em troca de restrições ao programa nuclear para assegurar que não era possível obter com ele material suficiente para chegar a uma arma atómica.

Desde que Trump retirou os EUA do acordo, o Irão aumentou a sua actividade de enriquecimento de urânio – o grau de enriquecimento é a chave para passar de um uso civil do urânio para um uso militar, que Teerão continua a dizer que não pretende ter, considerando armas atómicas “imorais”.

Responsáveis americanos dizem que a quantidade de urânio enriquecido está cada vez mais perto de permitir ao regime ter uma bomba atómica, o que deixa uma janela cada vez mais apertada para as conversações. Já no final de Dezembro o Departamento de Estado falava de uma janela de “semanas e não meses” para se alcançar um acordo.

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