Desflorestação na Amazónia brasileira cresceu 56,6% no Governo de Bolsonaro

Os aumentos consecutivos da destruição da floresta no Brasil desde 2018 parecem determinar uma nova dinâmica facilitada pelo “enfraquecimento de órgãos de fiscalização e falta de punição a crimes.”

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Desde que Bolsonaro chegou à presidência, a situação não parou de se agravar ADRIANO MACHADO/Reuters

A desflorestação da Amazónia brasileira cresceu 56% desde que o Presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder, afirma a organização não-governamental Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazónia (Ipam).

O Ipam frisa que a desflorestação no bioma foi 56,6% maior entre Agosto de 2018 e Julho de 2021 do que no mesmo período de 2016 a 2018. A medição de Agosto de um ano a Julho do ano seguinte respeita o período das chuvas e da seca na região já que os dados compilados para formular estudos foram capturados por satélites do Projecto de Monitoramento do Desmatamento na Amazónia Legal por Satélite (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com os dados brutos fornecidos pelo INPE, foram devastados 32.740 quilómetros quadrados de florestas na região amazónica do Brasil de 2019 até 2021, contra 20.911 quilómetros quadrados no triénio anterior referente ao período de 2016 até 2018.

“Estamos subindo degraus rápido demais quanto à destruição da Amazónia e não podemos nos acostumar com isso (…) Seguimos um caminho totalmente oposto às atitudes que o planeta precisa, com urgência, neste momento”, afirmou Ane Alencar, directora de Ciência no Ipam e principal autora da nota técnica.

Os aumentos consecutivos da destruição da floresta desde 2018 parecem determinar, segundo as autoras do levantamento, uma nova dinâmica de destruição facilitada pelo “enfraquecimento de órgãos de fiscalização e, portanto, pela falta de punição a crimes ambientais, bem como pela redução significativa de acções imediatas de combate e controlo e pelos retrocessos legislativos.”

Terras públicas

De acordo com o texto, mais de metade (51%) da desflorestação na maior floresta tropical do planeta no Brasil ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em áreas de domínio federal.

“Em termos absolutos, florestas públicas não destinadas foram as mais atingidas: tiveram alta de 85% na área desflorestada, passando de 1.743 quilómetros quadrados derrubados anualmente para mais de 3.228 quilómetros quadrados. No último ano, essa categoria de floresta pública concentrou um terço de todo o desflorestamento no bioma”, destacou o Ipam.

“Proporcionalmente à área dos territórios, terras indígenas tiveram alta de 153% em média no desflorestamento comparado do último triénio (1.255 quilómetros quadrados) para o anterior (496 quilómetros quadrados). Já o desflorestamento em unidades de conservação teve aumento proporcional de 63,7%, com 3.595 quilómetros quadrados derrubados no último triénio contra 2.195 quilómetros quadrados nos três anos anteriores”, completou.

O estudo alertou ainda que a tendência é que a destruição da floresta amazónica no Brasil cresça ainda mais caso sejam aprovados projectos de lei que estão em discussão no Congresso e que defendem a regularização de áreas desflorestadas ilegalmente e actividade de exploração mineral em terras indígenas.

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