Investigação portuguesa aponta para redução de 75% do risco de hospitalização em infectados com variante Ómicron face à Delta

Dados avançados no estudo apontam para menor severidade de pessoas infectadas com a variante Ómicron.

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Reuters/LEONARDO FERNANDEZ VILORIA

Durante um mês, um grupo de investigadores portugueses analisou o impacto das infecções por covid-19 comparando as variantes Delta e Ómicron. Concluiu-se uma redução do risco de hospitalização, de entrada em UCI, tempo de internamento e risco de morte na segunda variante.

Entre 1 e 29 de Dezembro de 2021, foram 15.978 os portugueses que participaram no estudo que compara o risco de doença grave entre pacientes infectados com a variante Ómicron e com a variante Delta em Portugal.

Das 164 hospitalizações registadas, 148 foram devidas à variante Delta, por oposição às 16 associadas à Ómicron.

Relativamente ao risco de hospitalização, a investigação concluiu que os casos infectados com Ómicron têm menos 75% de probabilidade de ser hospitalizados quando comparados com os infectados com a Delta. Esta redução do risco é independente da idade, sexo, existência de infecção prévia e o estado vacinal em que a pessoa se encontra.

Além disso, das hospitalizações registadas motivadas pela variante Ómicron, nenhuma deu entrada nas unidades de cuidados intensivos (UCI), opondo-se aos 17 pacientes (11,5%) internados em UCI devido à Delta.

O estudo concluiu ainda que, no que toca ao tempo de internamento, com a variante Ómicron dura, em média, menos quatro dias.

Risco de morte: 86% inferior (apesar de algumas incertezas)

É de sublinhar que, segundo o estudo, há ainda uma redução do risco de morte de 86% quando infectados com a Ómicron. Ao longo do estudo, morreram 26 participantes que, por sua vez, estavam apenas infectados com a variante Delta e tinham uma idade média de 83 anos. Porém, os investigadores mencionam que a redução do risco de morte apresenta alguma incerteza.

Apesar da incerteza, a “redução do risco de morte é plausível tendo em conta os modelos animais que mostram uma menor inflamação severa nos pulmões”, pode ler-se no estudo. Os modelos a que os investigadores se referem dizem respeito aos primeiros relatórios de estudos em animais realizados em laboratórios que foram depois suportados por estudos em humanos no Reino Unido.

Os resultados a que os investigadores chegaram foram semelhantes aos últimos estudos levados a cabo pelos Estados Unidos da América, Canadá e Inglaterra, o que demonstra uma consistência nos resultados obtidos. Pode ler-se na investigação que estas conclusões têm “implicações importantes na gestão dos serviços hospitalares” e poderão “reduzir o impacto das ondas Ómicron nos sistemas de saúde”.

Em comunicado, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) louva o estudo levado a cabo devido aos “resultados encorajadores que suportam os achados de estudos semelhantes realizados noutros países” e apela à vacinação de reforço e testagem regular, já que, apesar da sua menor gravidade, a variante Ómicron consegue mais facilmente escapar à protecção do esquema vacinal completo e apresenta uma transmissibilidade elevada.

Para este estudo contribuíram investigadores como André Peralta-Santos (ex-dirigente da DGS), Baltazar Nunes (epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge) e Teresa Grilo (membro do Laboratório da Cruz Vermelha Portuguesa). A amostra incluiu participantes maiores de 16 anos elegíveis para vacinação, do sexo masculino e feminino, com variados esquemas vacinais (não vacinados, incompleto, completo e com reforço) e com registo (ou não) de infecções prévias.

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