Covid-19. Há um “claro sinal” de desaceleração e talvez já tenhamos chegado ao pico da Ómicron

Actividade epidémica ainda é “muito elevada”. Mortalidade por covid-19 aumentou 16% em relação à semana anterior. A taxa de positividade aumentou, mas o número de testes realizados diminuiu. Cuidados intensivos estão ainda longe do limiar crítico de 255 camas ocupadas.

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LUSA/HUGO DELGADO

Portugal ainda tem uma actividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, mas há “claro sinal de desaceleração da incidência” e “uma possível formação de um pico”, o que pode significar que o número de casos pode começar a descer em breve.

A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados e mesmo tendo em consideração a provável menor gravidade da doença provocada pela variante Ómicron, é expectável que a pandemia continue a ter impacto na sociedade em termos de “absentismo escolar e laboral” e a pressionar todo o sistema de saúde e a mortalidade.

É este o cenário que o relatório conjunto das “linhas vermelhas” da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) traça sobre o estado actual da pandemia em Portugal e é por estas razões que é “recomendada a manutenção das medidas de protecção individual e a intensificação da vacinação de reforço”.

Portugal regista, nesta altura, 60,7 óbitos por milhão de habitantes (em 14 dias), o que corresponde a um aumento de 16% relativamente à semana anterior (52,2). Estes dados apontam para uma “tendência crescente do impacto da pandemia na mortalidade”.

A incidência de casos no país (ou seja, o número de infecções por cada 100 mil habitantes) tem ainda “uma intensidade muito elevada e uma tendência crescente”, mas há sinais claros de desaceleração. A incidência ainda está a subir em todas as regiões, com a excepção da estabilização em Lisboa e Vale do Tejo, mas agora a um ritmo mais lento. É no Norte onde esta é mais elevada (8889 casos), seguindo-se o Algarve (6495 casos) e o Centro (4424 casos).

Analisando a incidência por grupos etários, há uma tendência crescente entre os 10 e os 19 anos, nos grupos entre os 30 e os 49 anos e nos grupos acima dos 70 anos.

A faixa etária com mais casos nos últimos 14 dias é o grupo das crianças com menos de dez anos (13.523 casos) e o grupo dos 10 aos 19 anos (11.780 casos). Há, por outro lado, algumas faixas etárias em que este indicador está já em queda: é o caso dos grupos entre os 0 aos 9 anos, dos 20 aos 39 e dos 50 aos 69 anos.

“Apesar da incidência no grupo dos 80 ou mais anos apresentar uma tendência crescente, o valor de 2105 casos por 100 mil habitantes reflecte um risco de infecção mais de três vezes inferior ao apresentado pela população em geral”, lê-se no relatório.

Cuidados intensivos em 61% do limiar crítico

Portugal tinha, nesta quarta-feira, 155 doentes internados em unidades de cuidados intensivos, estando ainda longe de atingir o limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. O país tem, nesta altura, uma ocupação de 61%. Esta é uma das “linhas vermelhas” traçadas pelas autoridades de saúde que servem, a cada momento, afinar as medidas às diferentes fases da epidemia.

O relatório avança que o número de doentes internados nestas unidades mantém uma tendência estável e que aumentou 5% em relação aos sete dias anteriores. É a região Norte a que apresenta uma maior ocupação a nível dos cuidados intensivos, tendo 74 camas ocupadas, muito perto do nível de alerta (75 camas). Este nível de alerta corresponde a 75% do número de camas disponíveis para doentes covid-19 em medicina intensiva nos hospitais do continente. Lisboa e Vale do Tejo tem 50 doentes em cuidados intensivos (o nível de alerta é de 103) e o Centro tem 17 (nível de alerta é de 34).

É no grupo dos 60 aos 79 anos que se registam mais casos de internamentos em todo o país (78, no total).

Taxa de positividade volta a aumentar

A taxa de positividade dos testes à covid-19 (que mede o número de testes com resultado positivo dentro do universo geral de testes feitos num determinado período de tempo) voltou a aumentar na semana em análise. Entre 27 de Janeiro a 2 de Fevereiro este indicador chegou aos 19%, uma subida em relação aos 18,3% da semana anterior e muito acima do limiar de 4% que é recomendado.

O relatório avança ainda que se verificou uma diminuição do número de testes à covid-19 feitos neste período. Foram feitos 1.851.878 testes, uma descida ligeira em relação aos 2.102.547 realizados na semana anterior.

Ómicron continua dominante

Quanto às variantes, a análise de risco da pandemia refere que a variante Ómicron (BA.1) continua dominante em Portugal, tendo atingido uma proporção estimada máxima de cerca de 95,9% das infecções. Em relação à BA.2, a sub-linhagem da Ómicron que, em parte, parece estar a fazer cair o número de casos associados à Ómicron “original”, o relatório afirma a sua frequência tem aumentado paulatinamente desde o início de Janeiro, mas os dados apontam, para já, para uma circulação comunitária reduzida (cerca de 1,5%).

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