Energia direccionada pode ser a causa da misteriosa síndrome de Havana

Dores de ouvido, vertigens e náuseas são apenas o início do quadro clínico desta síndrome, detectada pela primeira vez em 2016 e que desde então afectou centenas de funcionários diplomáticos dos EUA.

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Foi na embaixada norte-americana em Cuba, Havana, que a síndrome foi detectada pela primeira vez em 2016 Reuters/ALEXANDRE MENEGHINI

Um painel de especialistas e cientistas norte-americanos descobriu que energia electromagnética direccionada pode estar na origem dos misteriosos sintomas da síndrome de Havana, que tem vindo a ser diagnosticada a centenas de diplomatas dos Estados Unidos nos últimos anos.

As novas descobertas observaram que esta síndrome se revela através de sintomas como dores de ouvido, vertigens e náuseas. O quadro clínico tende depois a agravar-se e a tornar-se inexplicável, deixando em aberto que, em alguns casos, se possa tratar de ataques deliberados. Até agora, pensava-se que a causa estivesse ligada à exposição directa a radiação emitida por microondas.

Especialistas dizem ser possível criar dispositivos ocultáveis que, usando quantidades moderadas de energia, são capazes de direccionar energia electromagnética para causar danos a um alvo específico. Ainda assim, não se comprometem a determinar se esta tecnologia existe actualmente e quem pode estar por trás dela, deixando esse trabalho para o Governo norte-americano.

Um relatório publicado na passada quarta-feira pela Academia Nacional de Ciências, encomendado pelo Departamento de Estado dos EUA, tem vários pontos a ter em conta. Em primeiro lugar, dos mais de 1000 relatos de pacientes com doenças neurológicas, apenas cerca de 30 não têm qualquer explicação médica convencional. Em segundo, que a síndrome de Havana já percorreu instalações diplomáticas norte-americanas na Austrália, Áustria, China, Colômbia, Alemanha, Rússia, França e Suíça. E, por fim, que os primeiros sintomas foram relatados pela primeira vez em Havana, Cuba, em 2016.

A CIA considera que, pelo reduzido número de casos sem explicação, é improvável que a Rússia ou outro adversário estrangeiro possam estar a montar um amplo ataque através de dispositivos emissores de energia. Ainda assim, dizem não conseguir definir qualquer razão lógica para estes acontecimentos. Por sua vez, funcionários e legisladores norte-americanos referiram que, caso as doenças relatadas ou qualquer outro caso seja visto como um ataque deliberado, será dada uma resposta firme aos perpetradores.

A Administração de Joe Biden tem estado sob crescente pressão da comunidade diplomática dos EUA para investigar na totalidade estas queixas e tem vindo a ser acusada de minimizar a questão. O secretário de Estado Antony Blinken comprometeu-se em Novembro do ano passado a investigar “com seriedade” os incidentes.

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