Fitch: Maioria absoluta do PS afasta “risco” das medidas do PCP e BE
Agência de notação dos EUA considera vitória folgada de Costa um resultado “positivo” e que torna “altamente improvável” medidas defendidas por comunistas e bloquistas no OE 2022.
A agência Fitch destaca que a maioria absoluta do PS nas eleições legislativas de domingo passado torna “altamente improváveis” as alterações à legislação laboral e o fim do factor de sustentabilidade que são defendidos pelo BE e pelo PCP.
Numa nota divulgada nesta terça-feira, aquela agência de notação financeira salienta que a dimensão da vitória de António Costa reduz a incerteza política, criando um cenário mais estável.
“A maioria absoluta do primeiro-ministro António Costa coloca o seu Partido Socialista numa posição mais forte para avançar na sua agenda orçamental e económica”, lê-se na nota sobre o resultado das eleições de domingo à noite.
Os analistas da Fitch assinalam que “a surpreendente maioria do PS” pode reflectir a aprovação popular da resposta à pandemia e a forte recuperação da economia no ano passado.
“A Fitch vê isso [um governo de maioria absoluta] como positivo, em parte, porque reduz a incerteza sobre a direcção da política orçamental”, justifica.
Salienta, neste sentido, que as propostas orçamentais do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP), que incluíam alterações à lei laboral e o fim do factor de sustentabilidade nas pensões, “são agora altamente improváveis no Orçamento do Estado para 2022”.
“Essas propostas representavam um risco para as metas orçamentais”, vinca, acreditando que a proposta de Orçamento do Estado para 2022 do PS deverá passar “sem alterações significativas”.
A agência sublinha ainda que um governo maioritário “também reduz drasticamente o risco de atrasos na implementação” do Plano de Recuperação e Resiliência, esperando um impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) dos fundos do Next Generation EU e de um crescimento de 1,5 pontos percentuais para o crescimento do investimento em 2022.
A Fitch projecta um défice orçamental de 3,2% do PIB em 2022, reduzindo-se face aos 4,4% estimados para 2021, devido ao fim das medidas de apoio à pandemia e ao crescimento económico, esperando que a política orçamental continue numa trajectória de redução da dívida pública, que estima que vá cair para 123,9% até 2023.
