Benfica-Sporting: uma final que se repete 13 anos depois

A Taça da Liga decide-se neste sábado em Leiria entre os dois “velhos” rivais de Lisboa. Nenhum está no melhor momento, mas um deles irá ficar com o simbólico título de “campeão de Inverno”.

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Vertonghen e Pedro Gonçalves: um duelo que se irá repetir neste sábado em Leiria EPA/MIGUEL A. LOPES

Estádio do Algarve, 21 de Março de 2009. Benfica e Sporting defrontam-se na final da segunda edição da Taça da Liga. Lucílio Baptista é o árbitro, Rúben Amorim joga de “encarnado” com o n.º 15 nas costas. Houve um penálti mal assinalado, um árbitro a admitir o erro (a posteriori) e uma medalha atirada ao chão. Essa final algarvia deu o primeiro título na competição ao Benfica e foi também a primeira vez que os dois “velhos” rivais de Lisboa se defrontaram no jogo decisivo desta prova em que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) passou a atribuir o título honorário de campeão de Inverno. Hoje, em Leiria (19h45, SIC), quase 13 anos depois, será a segunda.

É mais um derby de Lisboa a decidir um título, mas em que nenhum dos dois (por razões diferentes) estará na sua melhor versão. O Benfica ainda procura uma nova identidade com Nélson Veríssimo, depois de se ter separado de Jorge Jesus, e ainda está a adaptar-se a uma nova disposição táctica. O Sporting tem sofrido mais golos do que era habitual (e com algumas derrotas associadas), talvez como consequência de uma época em que tem um calendário mais carregado, ou talvez por os adversários serem mais perspicazes a identificar as fraquezas dos “leões”.

Veríssimo não tem tido um início propriamente brilhante nesta sua segunda passagem pelo banco dos “encarnados”. Já guardou os três centrais na gaveta — “está arrumado”, disse — e tem oscilado entre o 4x4x2 e o 4x3x3, com resultados diversos. Ganhou apenas dois dos seus cinco jogos (vitórias não muito convincentes sobre Paços de Ferreira e Arouca), perdeu com o FC Porto, empatou com o Moreirense em casa depois de ter estado a perder e só ganhou nos penáltis ao Boavista (após 1-1 em 90 minutos) para aceder a esta final, em que o Benfica terá nova oportunidade de ganhar a um rival directo nesta época — perdeu duas vezes com o FC Porto e uma com o Sporting.

Amorim mantém o seu perfil táctico desde o primeiro dia, não abdica dele e não irá mudar para esta final. Mas as dinâmicas defensivas da equipa já tiveram melhores dias e é o próprio técnico a admitir que tem havido menos agressividade e concentração, tanto a defender como a atacar — e isso conduziu a derrotas com Santa Clara e Sp. Braga no campeonato. A qualificação para esta final também não foi brilhante, uma vitória com reviravolta perante o Santa Clara, menos segura e autoritária do que os “leões” já conseguiram esta época.

Incompletos

Nenhum dos dois está na máxima força para esta final, mas o Benfica estará mais incompleto, sem os seus dois melhores centrais (o lesionado Lucas Veríssimo e Otamendi, ao serviço da selecção argentina), sem aquele que tem maior capacidade de provocar desequilíbrios (Rafa, em isolamento motivado pela covid-19), sem o seu melhor marcador (Darwin Nuñez, a jogar pelo Uruguai) e sem outros dois avançados que podiam ser opções válidas para o lugar (Seferovic e Rodrigo Pinho).

Já Amorim, não conta com Sebastián Coates (também a jogar as qualificações sul-americanas pelo Uruguai), líder da defesa e avançado de emergência. E é tudo no que diz respeito a ausências, porque Pedro Porro e Daniel Bragança já estão em condições de ir a jogo — é provável até que o lateral espanhol jogue de início, embora não seja de descartar a titularidade do médio português.

A Taça da Liga coloca os rivais frente a frente pela segunda vez esta época. O primeiro confronto não foi assim há tanto tempo, mas muita coisa mudou, sobretudo do lado benfiquista. Nesse primeiro confronto, ainda com Jesus no banco, o Sporting venceu na Luz por 1-3 e com uma enorme demonstração de superioridade, deixando o Benfica a navegar num mar de incertezas. Quase dois meses depois, já não há Jesus, mas os “leões” também já não são invencíveis nas competições nacionais.

O duelo a partir do banco não será inédito, apesar da ainda curta carreira de ambos os treinadores. Na última jornada da época 2019-20, já com o título nas mãos do FC Porto, o Benfica de Veríssimo ganhou 2-1 ao Sporting de Amorim e atirou os “leões” para o quarto lugar.

Mas Amorim tem um largo currículo na Taça da Liga como jogador e como treinador. Venceu seis vezes o troféu com a camisola do Benfica, mais duas como treinador, primeiro com o Sp. Braga (2020), depois com o Sporting (2021). Veríssimo, pelo contrário, vai cumprir apenas o 12.º jogo como treinador principal do Benfica e, depois do desaire na final da Taça de Portugal em 2020, terá uma segunda oportunidade para ganhar o primeiro troféu.

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