Gulbenkian adquire mais duas obras de Paula Rego e torna-se a maior coleccionadora privada da artista

Com a compra de O Anjo e O Banho Turco, a instituição soma agora 37 obras da artista, entre pintura, desenho e gravura.

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O Banho Turco contém no verso um nu da pintora feito pelo seu marido, Victor Willing Carlos Pombo

A Fundação Calouste Gulbenkian adquiriu mais duas pinturas de Paula Rego, O Anjo (1998) e O Banho Turco (1960), tornando-se assim a instituição privada com o mais significativo acervo da artista em todo o mundo, num total de 37 obras.

As obras que agora serão incorporadas na colecção do Centro de Arte Moderna são representativas de duas fases distintas do corpo de trabalho da pintora, sublinha a fundação, em comunicado enviado esta manhã às redacções. “A icónica pintura O Anjo reveste-se de uma enorme importância no contexto da produção artística de Paula Rego, sintetizando todo o seu programa artístico. A própria pintora confessou tratar-se do trabalho que gostaria de levar para a sua última viagem”, nota a Gulbenkian, citando uma entrevista da artista ao PÚBLICO, em 2009: “Eu se tivesse de morrer levava O Anjo comigo. É verdade. Vou ler-lhe uma coisa: ‘Ela é ao mesmo tempo um anjo da guarda e um anjo vingador. A sua missão é proteger e vingar. Traz os símbolos da Paixão, a espada e a esponja. Ela apareceu, ganhou forma, e não se sabe o que é que lhe seguirá.’”

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O Anjo é uma das mais icónicas obras de Paula Rego, aquela que a artista gostaria de levar para a sua "última viagem" Carlos Pombo

O Banho Turco antecipa por sua vez “um dos temas que hoje agitam o mundo das artes, em Portugal e no mundo, o feminismo e a representação da mulher”, diz ainda o comunicado, notando que no verso desta pintura de 1960 “figura um retrato de nu de Paula Rego, realizado por Victor Willing, seu marido”.

Com esta incorporação, a Fundação Calouste Gulbenkian “consolida a sua posição internacional como a instituição privada com o maior e mais significativo acervo da artista, constituído por 37 obras, entre pintura, desenho e gravura, reforçando a ligação histórica e os profundos laços profissionais e afectivos que ligam a artista à instituição desde que foi bolseira Gulbenkian nos anos 1960”.

Citada no comunicado, Paula Rego diz ser “uma grande felicidade saber que duas das suas pinturas “mais importantes vão viver na Gulbenkian”: “A Gulbenkian apoiou-me quando eu mais necessitava de apoio. Eu sei que vão tomar conta do meu anjo e espero que lhes traga a sorte e o conforto que merecem.”

Considerada recentemente uma das 25 mulheres mais influentes do mundo pelo Financial Times, a artista portuguesa foi objecto no ano passado de uma grande retrospectiva na Tate Britain, em Londres. A exposição seguiu entretanto para o Kunstmuseum Den Haag, nos Países Baixos, onde fica até 20 de Março, e fará depois uma última escala, a partir de 26 de Abril, no Museo Picasso Málaga, em Espanha.

Notícia corrigida com total de obras na colecção da Fundação Calouste Gulbenkian

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