Covid-19: médicos de família pedem revisão urgente da organização do combate à pandemia

Ordem dos Médicos pede que se elimine a necessidade de presença física de um médico de família nos centros de vacinação, dado o conhecimento actual sobre as vacinas, “bastando a presença de um médico com treino em medidas de suporte de vida para avaliar e orientar as intercorrências verificadas”.

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Paulo Pimenta

Os médicos de família apelaram esta quinta-feira para a revisão urgente da organização do combate à pandemia e a um reforço dos cuidados de saúde primários, propondo dez medidas para melhorar esta resposta.

Num documento conjunto disponibilizado no site da Ordem dos Médicos e que resultou da colaboração de diversos profissionais, defendem que se elimine a necessidade de presença física de um médico de família nos centros de vacinação, dado o conhecimento actual sobre as vacinas, “bastando a presença de um médico com treino em medidas de suporte de vida para avaliar e orientar as intercorrências verificadas”.

Defendem também que todos os profissionais das unidades de saúde familiar e das unidades de cuidados de saúde personalizados (médicos, enfermeiros e assistentes técnicos) regressem aos respectivos locais de trabalho e retomem a normal actividade assistencial, incluindo a doença aguda respiratória.

No documento, os médicos pedem ainda que seja eliminada a estrutura dos ADR (Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios), defendendo que, “excepcionalmente e quando o contexto local assim obrigue”, os agrupamentos de centros de saúde podem criar “unidades assistenciais suplementares de resposta à doença aguda, com recursos humanos próprios ou em regime de horário extraordinário”.

“Precisamos de um efectivo automatismo nas declarações de isolamento, por exemplo, que continuam a registar dúvidas e constrangimentos que acabam por desembocar nos centros de saúde. Ao final de dois anos de pandemia, nem os registos estão uniformizados, mantendo duplicações de informação como as que derivam do SINAVE Med e o SINAVE Lab”, considera ainda o presidente do Colégio de Medicina Geral e Familiar, Paulo Santos, citado num comunicado da Ordem dos Médicos.

Na mesma nota, o bastonário Miguel Guimarães sublinha a necessidade de “uma comunicação efectiva entre as diversas estruturas do Ministério da Saúde” que garanta “um discurso homogéneo e claro, incluindo a optimização das aplicações informáticas disponíveis”.

“Isso implica também ouvir os profissionais que estão no terreno e que devem estar integrados na elaboração das normas e regulamentos”, insiste.

No documento com as dez medidas que sugerem para melhorar a resposta dos médicos de família às necessidades de saúde dos portugueses, estes profissionais de saúde pedem igualmente o reforço da capacidade de resposta da linha SNS24, a revisão dos algoritmos de orientação e de normas e orientações da DGS, “tendo em conta o conhecimento actual”.

A “avaliação clínica personalizada”, com registo no processo clínico electrónico, eliminando os procedimentos relacionados com a aplicação Trace Covid-19, e a promoção de “uma campanha de publicitação das medidas de autocuidado para as pessoas infectadas por SARS-CoV-2 e respectivos contactos, promovendo a capacitação para a gestão da doença”, são outras medidas sugeridas.

O documento resultou de uma reflexão conjunta de elementos da direcção do colégio de Medicina Geral e Familiar, do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) e do grupo de apoio técnico à implementação das políticas de saúde (GAPS), além do bastonário da Ordem dos Médicos.

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