Apesar do número recorde de novos casos de covid-19, já há países europeus a levantar as restrições

Taxas elevadas de vacinação permitem reabertura e relaxamento das medidas em Inglaterra, Dinamarca ou Países Baixos. Europa de Leste bate recordes diários de novos casos, mas tem menos vacinados.

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Apesar de ainda ser recomendada em espaços públicos, a utilização da máscara protectora deixou de ser obrigatória em Inglaterra ANDY RAIN/EPA

Os números de novos casos de covid-19 permanecem elevados e em alguns países representam mesmo recordes diários, mas a redução dos internamentos e das situações de doença grave, fruto da vacinação generalizada, está a levar muitos países europeus a deixar cair as medidas restritivas e tentar regressar a uma nova espécie de normalidade.

Esta quinta-feira, por exemplo, a apresentação de certificado de vacinação ou de recuperação deixou de ser obrigatória para a entrada em restaurantes, bares, cafés, discotecas ou eventos culturais em Inglaterra. O uso de máscara em espaços públicos também deixa de ser obrigatório, apesar de “recomendado”.

O Reino Unido como um todo – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – registou 102.292 novos casos na quarta-feira, um número que, mesmo distante dos mais de 200 mil casos que chegou a registar no início do ano, continua a ser bastante elevado.

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Londres, Inglaterra REUTERS/Toby Melville

Mas a redução abrupta do número de mortes – 346 na quarta-feira –, em comparação com o pior período do ano passado – chegou a superar as 1700 mortes diárias em Janeiro de 2021 –, a par da elevada taxa de vacinação – mais de 70% da população com duas doses e 64% com dose de reforço –, levou o Governo britânico a recuar nas restrições.

Outras medidas, como a recomendação do teletrabalho ou o uso de máscaras nas salas de aula das escolas secundárias – introduzidas em meados de Dezembro com o “Plano B” de Boris Johnson, para travar a propagação da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2 – já tinham sido riscadas.

“As nossas vacinas, testes e antivirais garantem que temos uma das defesas mais fortes da Europa [contra a covid-19] e isso permite-nos regressar cautelosamente ao ‘Plano A’, recuperando mais liberdades para este país”, celebrou Sajid Javid, ministro da Saúde do Reino Unido, citado pela BBC, sublinhando a necessidade de o país ter de “aprender a viver com a covid”.

Dinamarca reencontra sorriso

Entre os países europeus que estão na mesma trajectória que Inglaterra, destaca-se a Dinamarca.

Os dinamarqueses preparam-se mesmo para ser o primeiro Estado membro da União Europeia a acabar com todas as restrições no âmbito do combate à covid-19, e já a partir do dia 1 de Fevereiro.

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Dinamarca vai levantar restrições, mesmo que se registem valores elevados de infecção REUTERS/Andrew Kelly

“Esta noite podemos voltar a encontrar o nosso sorriso. Temos notícias incrivelmente boas: já podemos remover as últimas restrições do coronavírus na Dinamarca”, anunciou a primeira-ministra Mette Frederiksen na quarta-feira à noite.

“Nas últimas semanas assistimos a taxas de infecção muito elevadas. As mais elevadas de toda a pandemia, na verdade. Assim sendo, pode parecer estranho e paradoxal que estejamos agora prontos para abdicarmos das restrições”, assumiu, citada pelo Politico.

“A situação na Dinamarca é a de que existe uma desassociação entre infecções e pacientes nos cuidados intensivos, e isso deve-se, sobretudo, à enorme adesão dos dinamarqueses à revacinação”, explicou, no entanto, o ministro da Saúde, Magnus Heunicke. “É por isso que [levantar as restrições] agora é seguro e é a decisão certa”.

Segundo a Autoridade de Saúde e de Medicina do país, cerca 82% da população dinamarquesa tem duas doses da vacina e 50% dessas pessoas tem a terceira dose.

Na quarta-feira a Dinamarca registou mais de 46 mil novos casos de covid-19, um dos números mais elevados das últimas semanas.

Outros países, como a Bélgica, a Áustria, os Países Baixos ou a França já começaram – ou já anunciaram que vão começar brevemente – a levantar as restrições impostas no período que antecedeu o Natal, mesmo assumindo que o pico de infecções pela variante Ómicron ainda não foi atingido.

Os Governos da Alemanha ou da Suécia, por outro lado, dizem que ainda não estão prontos para relaxar as medidas.

As diferenças a Leste

Na Europa de Leste, o cenário é distinto. Não em termos de infecções, porque os recordes diários de covid-19 também estão a ser batidos quase todos os dias em países com a Polónia (cerca de 53 mil na quarta-feira), a Hungria (20 mil), a Bulgária (12 mil) ou a República Checa (54 mil).

A diferença de alguns destes países com outros Estados da Europa Ocidental é que as taxas de vacinação na Europa de Leste são mais reduzidas e, também por isso, o número de internamentos e de mortes é mais elevado.

Nos últimos meses do ano passado, a Roménia e a Bulgária bateram mesmo recordes de sempre de mortes por covid-19 – 334 mortes na Bulgária e 591 na Roménia, em Novembro.

Ainda assim, desta vez, os Governos destes países continuam a resistir em impor confinamentos ou medidas mais restritivas, enquanto esperam que a propagação da Ómicron atinja o seu pico nas próximas semanas.

Hungria e República Checa apresentam taxas de vacinação, com duas doses, acima dos 63% e a Polónia na casa dos 57%. Roménia, com 41%, e Bulgária, com 28%, completam a lista.

Nesta quinta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) insistiu na ideia de que as vacinas de reforço são a melhor arma contra a variante Ómicron. Segundo o ECDC, a dose adicional da vacina poderá reduzir entre 500 mil a 800 mil internamentos.

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