Município garante que há compromissos que viabilizam pólo tecnológico em Gaia

“Nenhum investidor se iria atirar a uma coisa destas se não tivesse a montante um conjunto de suportes”, afirma o autarca Eduardo Vítor Rodrigues

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Autarca está seguro da intenção de investimento anunciada para Gaia Martin Henrik

A Câmara de Gaia confia que os quase 21 hectares de terrenos na freguesia da Madalena até agora ocupados, em parte, por um parque de campismo, vão mesmo tornar-se num pólo tecnológico e educativo, como propõe um grupo de investidores que já apresentou um Pedido de Informação Prévia (PIP) ao município. “Não temos contratos definitivos firmados, mas há contratos-promessa, um contrato-promessa feito entre o fundo [que detém a propriedade] e o investidor, e há também [compromissos] de várias marcas com o próprio investidor”, afirmou, citado pela Lusa, o autarca Eduardo Vítor Rodrigues.

Os investidores brasileiros, que já constituíram a empresa Gaia Innovation City, anunciam para o local a presença de grandes empresas tecnológicas globais, num ambiente urbano que prevê “uma unidade de investigação na área da Saúde, uma unidade de startup e co-working, uma pequena unidade comercial, um centro de convenções e uma zona de habitação e residência de estudantes”, explicou o autarca Eduardo Vítor Rodrigues na reunião de Câmara de Gaia.

A concretização da promessa de criação de até 15 mil postos de trabalho no empreendimento seria, como diz o autarca, citado pela Lusa, “extraordinário não apenas para Gaia, como para a região”, mas a dimensão do investimento previsto – entre 700 milhões, numa primeira fase, a mil milhões, numa segunda – levanta sempre dúvidas. Não faltam, nos últimos anos, promessas de grandes empreendimentos do género – quem se lembra da Planitt Valley, em Paredes? O que faltou, sempre, até agora, foi confirmar no terreno intenções de investimento astronómicas que aqui e ali anunciam para Portugal um sucedâneo do Silicon Valley, imagem literalmente repetida, de novo, neste projecto de Gaia.

PDM alterado

Nesse sentido, na reunião de Câmara desta semana o autarca socialista Eduardo Vítor Rodrigues sossegou os mais cépticos, notando que “nenhum investidor se iria atirar a uma coisa destas se não tivesse a montante um conjunto de suportes”. Interessada nesta proposta, que “impede que o terreno seja utilizado para habitação”, a Câmara de Vila Nova de Gaia aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, uma alteração do Plano Director Municipal (PDM) que permitirá a construção do empreendimento, entre 2023 e 2030, num terreno que foi entregue pelo município a um fundo da Caixa Geral de Depósitos.

A área de construção ali permitida, aplicando o índice 0,8 previsto no plano, é de 160 mil metros quadrados, mas o pedido de informação prévia apresentado já prevê uma sobreocupação do espaço, e um excesso de 95 mil metros quadrados que deveriam ser entregues ao município, para uso público. A autarquia admite, do ponto de vista técnico, aceder a esta pretensão em troca de uma compensação de cerca de dois milhões de euros. Numa segunda fase, os promotores querem obter o estatuto de Projecto de Interesse Nacional e construir até 240 mil metros quadrados naquela propriedade.

Apesar destas intenções de expansão, o presidente da Câmara de Gaia refere que no local deverá continuar a existir um parque campismo, que só ocupa 15% da área, explicou, adiantando que a alteração ao PDM visa também garantir que esse tipo de equipamento ali permaneça. Na segunda-feira, a associação ambientalista NDMALO-GE, do Porto, lamentou a destruição deste equipamento, bem como do arvoredo que o rodeia, e instou as autoridades locais e regionais a ponderarem outras localizações para o empreendimento.

PSD pede cautela

Na Câmara, o PSD sugeriu que o município deveria acautelar que o projecto não venha a ser desvirtuado – transformando-se num mega empreendimento habitacional, em vez de um pólo tecnológico – e mostrou-se também preocupado com as questões de mobilidade que a concentração de pessoas ali prevista levanta. Eduardo Vítor Rodrigues respondeu para explicar que quem vai trabalhar e viver no centro tecnológico “é um tipo de público cujos hábitos de mobilidade não são tradicionais, é o público da trotinete e da bicicleta eléctrica, de mochila às costas, altamente qualificado e a residir no próprio local, numa lógica de co-working".

“Se tudo correr bem eles assinam o contrato [de aquisição do terreno] em Fevereiro e começamos logo a trabalhar nos projectos, respeitando estas condições”, acrescentou. O prazo definido para “o investimento são sete anos” e está previsto “que o arranque seja em 2023”, adiantou. O socialista revelou ainda que os trabalhos de preparação vêm decorrendo “há um ano e meio” e assumiu que esta foi “uma negociação dura”. Com Lusa

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