As preces de Rafael Nadal continuam a ser ouvidas

Espanhol afastou Denis Shapovalov para chegar às meias-finais. Ashleigh Barty tem menos concorrentes ao título do Open da Austrália.

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Nadal obteve a sétima vitória consecutiva em 2022 EPA/DEAN LEWINS

Rafael Nadal gosta de terminar os encontros o mais rapidamente possível. Ao ganhar os sets iniciais, reforça a sua confiança, ao mesmo tempo que vai minando a do adversário e, aos 35 anos, vindo de uma paragem de seis meses para recuperar de uma lesão crónica no pé e de três dias de cama, no mês passado, devido à covid-19, sabe que é crucial poupar o máximo de energias para a ronda seguinte. Mas frente a Denis Shapovalov foi preciso mais do que a qualidade, tenacidade e competitividade habituais para o espanhol avançar para as meias-finais do Open da Austrália.

Nadal mostrou-se à vontade com as condições de jogo - o forte calor permitia que as suas bolas com muito efeito ressaltassem alto. Mas a nova “mentalidade de Nadal” de Shapovalov ficou bem patente no terceiro set: obteve os primeiros break-points e, à quarta oportunidade, fechou a partida. O ascendente do canadiano de 22 anos manteve-se no quarto set, em que voltou a não enfrentar break-points, e chegou-se ao set decisivo, com ambos a acusar o desgaste.

Nadal queixava-se igualmente de problemas de estômago desde o quarto set, mas soube anular um break-point a abrir o quinto set, depois de cometer duas duplas-faltas, e quebrou Shapovalov no jogo seguinte. “Foi quase um milagre. Fisicamente estava destruído, mas o meu serviço funcionou bem e cada jogo que ganhava era uma vitória. Esse foi o meu único objectivo: ganhar jogos de serviço e esperar por uma oportunidade na resposta”, resumiu Nadal, depois de vencer, por 6-3, 6-4, 4-6, 3-6 e 6-3, em mais de quatro horas de jogo, e assegurar a sétima vitória consecutiva em 2022.

Nadal, que nos últimos cinco anos foi derrotado na Austrália em sessões nocturnas, vai “rezar” para voltar a jogar de dia e manter o sonho de ser o primeiro homem a conquistar 21 torneios do Grand Slam. Nas meias-finais, terá de lidar com o possante Matteo Berrettini (7.º), que encerrou a boa prova do francês de 35 anos Gael Monfils (20.º), ao fim de 3h50m: 6-4, 6-4, 3-6, 3-6 e 6-2.

Vinda igualmente de um mau ano, encerrado fora do top 50, Madison Keys surgiu em Melbourne transfigurada. A nuvem negra que pairava sobre si durante a época passada desapareceu, recomeçou do zero e é de cabeça limpa que a norte-americana tem encarado cada um dos desafios, como o dos quartos-de-final do Open da Austrália, diante da checa Barbora Krejcikova (4.ª). Keys (51.ª) esteve imperturbável sob o forte sol australiano, venceu por 6-3, 6-2, e garantiu o regresso às meias-finais de um Grand Slam, após um interregno de três anos e meio.

“Penso que a chave é poder rebobinar e voltar a concentrar-me muito depressa. Tenho de me aperceber se não estou a jogar bem ou a pensar muito à frente e parar de imediato”, explicou Keys, que, em 2015, perdeu em Melbourne nas “meias” com Serena Williams. Este ano, já ganhou 11 encontros, tantos como em 2021, vai numa inédita série de dez vitórias consecutivas e, pela primeira vez, derrotou duas top 10 sucessivamente, a última das quais graças a 27 winners, incluindo 11 ases.

À noite, Ashleigh Barty reforçou o favoritismo à conquista do título, ao arrasar a norte-americana Jessica Pegula (21.ª), em 1h03m: 6-2, 6-0. A líder do ranking feminino assinou 16 winners, com sete ases, e não enfrentou qualquer break-point - cedeu somente 11 pontos em sete jogos de serviço. Terá Keys a chave para travar Barty nas meias-finais?

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