Turismo industrial de São João da Madeira celebra 10 anos e mais de 280 mil visitantes

O roteiro já inclui 22 locais de visita, entre eles os museus da chapelaria e do calçado ou o núcleo histórico da antiga metalúrgica Oliva. A instituição mais visitada é a Viarco, a única fábrica de lápis no país.

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Museu do calçado em São João da Madeira Paulo Pimenta

O programa de Turismo Industrial de São João da Madeira celebra hoje 10 anos de actividade, acumulando mais de 283.000 visitantes em museus, fábricas e outros espaços emblemáticos da história e economia desse concelho do distrito de Aveiro.

O projecto arrancou em 2012 com circuitos por unidades ligadas ao fabrico de calçado, lápis, passamanarias e chapéus, e entretanto passou a incluir também roteiros ligados à colchoaria, às etiquetas e autocolantes, à metalurgia e ao têxtil.

No total, isso significa que o município com apenas oito quilómetros quadrados de área disponibiliza agora 22 locais de visita, entre os quais os museus da chapelaria e do calçado, o núcleo histórico da antiga metalúrgica Oliva e 14 empresas que acolhem o visitante sempre em contexto real de laboração.

“São João da Madeira soube transformar a sua indústria num produto cultural e turístico, e, nestes 10 anos, o Turismo Industrial esteve sempre a valorizar o trabalho, a produção e os operários”, declarou à Lusa o presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira.

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Viarco adriano miranda

A procura por esse património tem partido sobretudo da comunidade portuguesa e, entre as instituições visitáveis, a que absorveu maior audiência, na ordem dos 37,4%, foi a Viarco, que é a única fábrica de lápis no país.

A segunda maior fatia dessa procura coube ao conjunto dos museus da chapelaria e do calçado, que receberam 31% do total de visitas, e seguiram-se as fábricas de sapatos e respectivos componentes, com 16,4%, e depois o circuito da chapelaria, que integra a fabricante de feltros Fepsa e a Cortadoria Nacional do Pelo.

Jorge Vultos Sequeira admite que entre os aspectos negativos da primeira década de actividade do programa local de Turismo Industrial se inclui a crise económica que levou ao encerramento das fábricas de calçado Evereste e Helsar - que foram duas das fundadoras do projecto, mas fecharam portas entretanto - e ainda a pandemia de covid-19 - que gerou uma quebra nos níveis de adesão aos circuitos.

No caso das fábricas encerradas, a autarquia já as substituiu por outras unidades ligadas ao sector, mas, no que se refere à situação epidemiológica, recuperar a procura depende da evolução global da covid-19 e das consequentes restrições sanitárias.

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Oliva Creative Factory adriano miranda

Enquanto isso, a Câmara Municipal tem avançado com o projecto do Centro de Memórias da Indústria, com o que Jorge Vultos Sequeira espera fazer de 2022 “um ano de celebração e de reinvenção para o Turismo Industrial de São João da Madeira”.

O novo equipamento ficará instalado no chamado Palacete do Rei da Farinha, cuja arquitectura é a característica das “casas de brasileiros”, associadas aos emigrantes portugueses que enriqueceram no Brasil em finais do século XIX e depois aplicaram diferentes estilos decorativos nas residências que edificaram após o seu regresso à terra natal.

O edifício em causa chegou a acolher o Centro de Arte de São João da Madeira, mas está desocupado há alguns anos e será agora sujeito a uma requalificação que o preparará para acolher espaços destinados a arquivo, documentação e investigação “sobre a indústria local, regional e nacional”, assim como áreas expositivas sobre a mesma temática.

Jorge Vultos Sequeira defende, por isso, que “o Turismo Industrial é um projecto de futuro” e que, estando “extremamente ligado aos jovens e ao público escolar de todo o país”, terá “uma nova âncora” no anunciado Centro de Memórias da Indústria.

Na perspectiva do autarca socialista, enquanto centro de pesquisa e estudo sobre a história e o futuro da indústria”, esse será “um equipamento de vocação nacional”.

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