Pais fogem do hospital com recém-nascido nos Açores

Casal com problemas de toxicodependência tinha conhecimento de um processo para a institucionalização da criança. O bebé foi resgatado pela PSP e levado para o hospital sem ferimentos associados.

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Assim que foi dado o alerta, a PSP accionou “todos os meios disponíveis”. O bebé encontra-se bem arquivo

Um casal fugiu do Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, com o filho que tinha nascido há menos 24 horas. Os pais, com problemas de toxicodependência, terão agido com medo de que a criança fosse institucionalizada. O bebé, contudo, foi encontrado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) na manhã seguinte, encontrando-se já no hospital e sem problemas de saúde.

A história foi revelada na edição deste sábado do jornal Açoriano Oriental e confirmada ao PÚBLICO pelo subcomissário Eurico Machado do comando regional dos Açores da PSP. O sucedido aconteceu na quinta-feira, por volta das 20h00, numa altura em que o bebé tinha “cerca de 20 horas” de vida.

“O bebé encontrava-se na incubadora e os pais resolveram retirá-lo da incubadora e saíram do hospital. A PSP diligenciou para procurar localizar o bebé e os pais, tendo conseguido na manhã seguinte, por volta das 9h/10h da manhã”, avança o subcomissário, explicando que a polícia aplicou o artigo 91º. da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, que permite às autoridades policiais actuar em casos de perigo real e enquanto não for possível existir uma intervenção do tribunal.

Assim que foi dado o alerta, a PSP accionou “todos os meios disponíveis” em Ponta Delgada. Os agentes encontraram o pai na via pública tendo conseguido que este revelasse o paradeiro do filho, que se encontrava numa casa, cuja localização não foi revelada. O bebé, prematuro com 36 semanas, foi “levado de imediato para o hospital” e encontra-se bem de saúde. “Não resultou ferimentos dessas horas que esteve fora da incubadora”.

Já os pais, depois de terem sido interrogados na esquadra da PSP de Ponta Delgada, foram libertados. “Todos os factos foram devidamente reportados ao Ministério Público de Ponta Delgada para superior consideração”, assinalou o porta-voz da PSP nos Açores.

Ao que o PÚBLICO apurou, os pais sofrem de problemas de toxicodependência e agiram devido ao receio de o filho ser institucionalizado, depois de a mãe ter sido informada da existência de um processo para a retirada da criança. O caso estava identificado pelo Serviço Social do Hospital de Ponta Delgada e pela Comissão de Protecção de Crianças e de Jovens.

O jornal Açoriano Oriental detalha que o Hospital Divino Espírito Santo sinalizou aquele como um “caso social grave”, quer devido ao comportamento aditivo dos pais, quer por não terem “residência fixa”, nem “apoio familiar”.

O mesmo jornal avança que o pai, aquando da fuga, mostrou-se “agitado”, tendo afastado as enfermeiras que o procuraram demover, insistindo que “ninguém” lhe iria retirar o filho e ameaçando lançar a criança para o chão. Terá sido essa ameaça o principal motivo para que a fuga não tivesse sido barrada.

O processo foi encaminhado agora para o Ministério Público, que vai averiguar a existência de prática criminosa ou reencaminhar o caso para o Tribunal de Família e Menores.

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