Madeira é a região europeia com maior taxa de casos de covid-19

Arquipélago é a região europeia com mais casos por 100 mil habitantes. Números que o governo madeirense justifica com a política de testagem maciça.

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Madeira é a região da Europa com mais novos casos de covid-19 Paulo Pimenta

A Madeira é a região europeia com maior incidência de casos de covid-19, de acordo com os dados revelados quinta-feira, dia 20 de Janeiro, pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).

Na contabilidade do ECDC, a região autónoma tem 8744 casos por 100 mil habitantes (média dos últimos 14 dias), o que é praticamente o dobro do continente (4538 casos por 100 mil habitantes) e quatro vezes mais do que os Açores: 2192 casos.

O arquipélago madeirense, que nas últimas duas semanas tem registados uma média diária a rondar os 1500 novos casos diários, é a única região europeia com mais de oito mil infecções por 100 mil habitantes. A segunda região com uma taxa de incidência mais elevada, a Ile-de-France (a região de Paris), fica nos 7634 casos por 100 mil habitantes: menos mil, do que a Madeira.

No último relatório sobre a situação epidemiológica da covid-19, divulgado no final da tarde de quinta-feira, a Direcção Regional de Saúde madeirense contabilizava 1927 novos casos de infecção por SARS-CoV-2, aumentando para 13928 o número de casos activos de Covid-19: mais de 5% da população residente (250 mil pessoas).

Numa região onde no anterior pico da pandemia, os casos diários raramente ultrapassavam a centena, este aumento de infecções não preocupa, para já as autoridades.

A atenção, disse na semana passada o presidente do governo madeirense, Miguel Albuquerque, está no número de internamentos e nos cuidados intensivos hospitalares, que continuam “residuais”. O boletim de quinta-feira, indicava 83 pessoas internadas na unidade covid-19 do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, uma das quais nos cuidados intensivos. A capacidade total da unidade hospitalar é de 175 camas. As consequências da doença, argumentou Albuquerque na altura, são muito ligeiras.

O executivo e as autoridades de saúde regionais têm relacionado o programa de testagem maciça à população, que começou a 19 de Novembro do ano passado, e que assenta na comparticipação de testes antigénio semanais para todos os residentes e turistas no arquipélago, com o aumento de casos verificado nas últimas semanas. Nos últimos sete dias, foram realizados cerca de 150 mil testes à população, o que é cerca de dois terços do total de residentes.

Este argumento foi utilizado esta semana pelo secretário regional da Saúde e Protecção Civil, Pedro Ramos, questionado pelo aumento de casos. “Ninguém testa tanto como a Madeira, por isso é natural esses números”, respondeu

Esta política, que já custou aos cofres regionais mais de 16 milhões de euros, deverá ser aliviada até ao final do mês, com a justificação, precisamente do reduzido impacto que a covid-19 está a ter nos serviços hospitalares da região.

Um teste antigénio negativo realizado há menos de sete dias e a vacinação contra a covid-19 é actualmente condição necessária para aceder a locais públicos como ginásios, restaurantes, cabeleireiros e serviços da administração regional e local. A testagem vai continuar no arquipélago, mas apenas para sectores específicos, como a saúde e protecção civil, segurança e educação.

Entre actuais infectados e recuperados da doença, o arquipélago já teve mais de 50 mil infecções desde o início da pandemia. É mais de 20 por cento da população residente.

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