Horta Osório foi à final do Euro 2020 em violação das regras de quarentena

O banqueiro esteve na final de Wimbledon e em Wembley no mesmo dia, quando devia ter ficado isolado 10 dias. Na outra viagem em que violou as regras, em Novembro, o português visitou o Banco de Espanha e reuniu-se com Florentino Perez.

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Reuters/SIMON DAWSON

Depois da sua saída do Crédit Suisse, vão sendo conhecidos detalhes do itinerário de António Horta Osório durante os dois episódios de violação das regras de quarentena no Reino Unido e Espanha em plena epidemia de covid-19. Em Julho de 2021, o português esteve presente em Wembley para assistir à final do Campeonato Europeu de futebol, horas depois de ter estado na final do torneio de ténis de Wimbledon.

Segundo publica o Financial Times esta sexta-feira, o banqueiro português levou membros da sua família ao jogo que foi classificado como um evento “superspreader”, de grande propagação do vírus, tendo resultado em perto de seis mil infecções entre os adeptos que viram Itália sagrar-se campeã europeia. Isto, apesar de alguns clientes do Crédit Suisse terem sido impedidos de utilizarem os seus bilhetes no âmbito das regalias que o banco lhes atribui nestas ocasiões.

Horta Osório demitiu-se de presidente do conselho de administração do banco suíço na sequência de um relatório interno que identificou duas viagens que violaram as regras sanitárias da covid-19 em vigor na altura. Se em Julho, no Reino Unido, o motivo dessa quebra das regras foram eventos desportivos, em Novembro, em Espanha, Horta Osório reuniu-se com o presidente do Real Madrid e da construtora ACS, tendo ainda visitado um evento do Banco de Espanha.

No Reino Unido, Horta Osório não cumpriu os 10 dias de isolamento obrigatório para os visitantes. No incidente espanhol, o banqueiro português – que preside actualmente ao conselho de administração da farmacêutica Bial - saiu da Suíça apenas três dias depois de ter chegado ao país, quando devia ter permanecido os mesmos 10 dias em território suíço. No caso britânico, Horta Osório alegou não ter compreendido as regras em vigor entre os dois países, apesar de haver registos de ter pedido um regime de excepção às autoridades suíças, que lhe foi negado.

O relatório à actuação de Horta Osório também aponta o dedo à utilização do jacto privado do banco para fins pessoais - uma alegação que o português contesta -, em particular numa viagem de trabalho a Singapura que no regresso fez uma paragem nas Maldivas para que o banqueiro pudesse juntar-se à família.

Horta Osório abandonou o banco com um pacote remuneratório de 4,1 milhões de dólares (3,6 milhões de euros), correspondentes a dois terços do seu salário anual.

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