Conflito aberto entre Barcelona e Dembélé: “Deve deixar o clube imediatamente”

Aventura do avançado francês na Catalunha prestes a chegar ao fim, mas com as duas partes em xeque: clube pode perder um activo a custo zero, jogador pode ficar sem competir até ao Verão.

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EPA/David Aguilar

Ousmane Dembélé continua a ser uma pedra no sapato dos dirigentes do Barcelona. Depois de meses de negociações com vista à renovação do contrato do avançado francês, eis que os catalães chegaram ao limite: "Parece claro que o jogador não quer continuar no Barcelona e envolver-se no futuro projecto [...]. Nestas condições, dissemos-lhe, e aos seus agentes, que deverá ir embora de imediato".

As declarações são do director para o futebol dos catalães, Mateu Alemany, que adiantou que já foi comunicado ao jogador e ao seu empresário que Dembélé “deve sair imediatamente” do clube. E por imediatamente entende-se nesta janela de transferências de Inverno, ou seja, até ao final do mês.

Com esta posição, a direcção do Barcelona pretende garantir ainda algum encaixe financeiro com a venda do francês, cujo contrato expira no final da temporada, em Junho. Ora, se o passe de Dembélé não for negociado neste mercado, o internacional francês poderá depois assinar livremente por outro clube, sem que os “blaugrana” consigam minimizar a aposta que fizeram em 2017.

Foi nesse ano que contrataram ao Borussia Dortmund um dos mais influentes e desequilibradores jogadores da nova geração do futebol francês, a troco de nada menos do que 105 milhões de euros. Mas a verdade é que, entre algumas polémicas fora dos relvados e lesões que obrigaram a longos períodos de paragem, Dembélé, hoje com 24 anos, nunca provou em Camp Nou as credenciais com que chegou à Catalunha.

A posição em que ficam agora Barcelona e jogador é delicada. Para o clube, agudiza-se o risco de perder quase por completo (até porque o rendimento desportivo do atleta esteve longe de convencer) um investimento milionário; para o francês, é fortíssima e quase inultrapassável a possibilidade de, ficando em Camp Nou, não mais ser utilizado até ao final da temporada.

De resto, o aviso lançado nesta quinta-feira por Mateu Alemany acontece um dia depois de o treinador, Xavi Hernández, ter deixado Dembélé de fora da convocatória para o jogo desta noite, relativo aos oitavos-de-final da Taça do Rei, e de ter também afirmado que a porta de saída estava aberta, caso não renovasse.

“Dembélé ou renova ou vai sair do clube. Não vai ficar nas bancadas a assistir aos jogos. Fui muito claro com ele. Estamos em negociações há cinco meses. Já chega. Não podemos esperar mais. Os interesses do clube têm sempre que prevalecer. Esta situação tem que acabar”, assinalou Xavi, em conferência de imprensa.

O braço-de-ferro negocial, explicou Mateu Alemany, começou há seis meses, com várias ofertas do Barcelona que foram sendo rejeitadas ou deixadas em banho-maria pelo agente do jogador. E os dirigentes catalães já não estão dispostos a esperar mais por um activo que, encerrando enorme potencial, se tem mostrado sempre demasiado errático.

Nesta temporada, Dembélé foi utilizado apenas em 11 jogos (um golo) e, desde que chegou a Espanha, só em duas temporadas teve um rendimento condizente com a qualidade que encerra: em 2018-19, fez 42 jogos e marcou 14 golos; em 2020-21, realizou 36 jogos e apontou 10 golos.

Agora, com a porta de saída escancarada, cresce a especulação em torno do futuro próximo do jogador, seja já no final do mês, seja no Verão. A Premier League, com o Manchester United à cabeça, será uma hipótese forte, tal como um regresso ao país de origem, para eventualmente se juntar à armada do Paris Saint-Germain.

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