Estarreja e Ovar sem desfiles de Carnaval, mas com programação alternativa

Autarquias e colectividades cancelam festejos “atendendo ao actual contexto pandémico”. Ovar não desiste de celebrar um Carnaval adaptado: haverá “algumas iniciativas carnavalescas”. O mesmo em Estarreja. No Alentejo, Castro Verde cancelou feiras e Entrudanças. Em Torres Vedras decide-se esta semana.

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Na Aldeia do Carnaval de Ovar (arquivo) Paulo Pimenta

O concelho de Ovar junta-se à lista de municípios que decidiram cancelar as grandes festas e desfiles de Carnaval. Depois da Nazaré, que avançou logo no início de Dezembro com a decisão, Madeira ou Loulé, também Ovar desiste dos corsos “atendendo ao actual contexto pandémico e às medidas em vigor que obrigariam a uma organização complexa e a requerer uma logística praticamente impossível de colocar em prática”, anuncia a autarquia. Contas feitas, sublinha-se que não estão apenas “em causa os três dias de desfile”, “mas os 45 dias de preparativos necessários”.

A decisão foi tomada após uma reunião da câmara, grupos e escolas de samba locais, que se seguiu a um encontro prévio com a Protecção Civil e “na qual a opinião da não realização dos desfiles foi unânime”.

Ainda assim, o comunicado da autarquia indica que “no seio dos grupos e escolas, havia alguns preparados para sair à rua, mas a larga maioria foi da opinião da não realização dos cortejos”.

“A saúde pública está em primeiro lugar”, diz Salvador Malheiro, presidente da câmara, citado no comunicado. “Não podemos correr riscos e é necessário defender o nosso Carnaval como a grande festa do nosso território”, reforça.

Em lugar de grandes festejos e multidões, Ovar promete assinalar o Carnaval 2022 com a pintura de máscaras gigantes, tal como foi feito no ano passado, e com uma programação cultural “controlada nos equipamentos municipais, cumprindo as regras vigentes”.

Estarreja cancela desfiles

Ainda no distrito de Aveiro, a organização do Carnaval de Estarreja anunciou o cancelamento de desfiles, considerando que “não estão reunidas as condições” para a sua realização. A organização envolve a câmara municipal, a Associação do Carnaval de Estarreja, sete grupos de folia e quatro escolas de samba, sendo que os desfiles implicam cerca de mil figurantes e milhares de espectadores.

Em comunicado, a autarquia informa que foram feitas “reuniões de reavaliação de risco com as entidades de Protecção Civil” e autoridade local de saúde pública. Posteriormente, também com os grupos desfilantes. “A maioria considerou que o contexto pandémico actual não se compatibiliza com a realização dos corsos”, conclui-se. “O crescimento do número de casos de infecção por covid-19”, “provocando dificuldades aos grupos e à autarquia” leva a que seja tomada uma decisão considerada “a mais sensata e adequada ao momento que estamos a viver”.

“Por muito que nos custe a todos passar mais um ano sem o entusiasmo e dinâmica criada à volta dos desfiles, a nossa preocupação com a saúde pública e com o bem-estar da nossa população é, e sempre será, a nossa prioridade”, disse a vereadora da Cultura de Estarreja, Isabel Simões Pinto.

A autarquia informa que está a preparar uma “programação alternativa para os dias habitualmente mais fortes dos festejos”.

Para já, a Figueira mantém corsos

Enquanto várias autarquias vão decidindo cancelar os grandes desfiles, Figueira da Foz tomou a decisão contrária e decidiu anunciar que os mantém, pelo menos por agora. Tal como foi uma das autarquias que manteve o fogo-de-artifício de final de ano, deverá também manter os festejos de Carnaval. O vice-presidente da Associação de Carnaval de Buarcos/Figueira da Foz, José Gouveia, confirmava que os corsos continuavam a ser preparados pelas três escolas de samba da cidade e que, para já, a abertura do Carnaval prevista para 22 de Janeiro, com a apresentação dos reis do corso, fora adiada cerca de uma semana, mantendo-se a abertura oficial para 12 de Fevereiro. “Temos até 5 de Fevereiro para ver como evolui a pandemia e decidir sobre a realização dos festejos”, dizia a associação à Lusa. No mesmo distrito, Coimbra, o concelho de Mira tomou a decisão oposta e cancelou desfiles.

Torres Vedras decide esta semana

No concelho de Torres Vedras, a autarquia informava, na sexta-feira, que esta semana deve ser “tomada uma decisão” sobre o Carnaval. “A organização do Carnaval de Torres Vedras está a aguardar pela evolução da pandemia e pelas medidas que o Governo venha a anunciar", indicava o gabinete de comunicação. Mas reconhecia-se já que "será difícil que o mesmo se realize nos moldes habituais”.

Castro Verde cancelou Entrudanças

Nem só os Carnavais tradicionais são afectados, outros, como o Entrudanças, que se anuncia sempre como um Carnaval diferente, voltou a ser cancelado pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia. O festival da vila de Entradas, Castro Verde (Beja), estava agendado para 25 a 27 de Fevereiro. Em comunicado a autarquia justificou a decisão indicando que “persiste no concelho um número muito elevado” de pessoas infectadas com o vírus que provoca a doença covid-19 e que “se aproxima de uma centena”. Pelo caminho, foram também cancelados outros eventos, incluindo a Feira de S. Sebastião e do Pau-Roxo, que começaria a 20 de Janeiro. A realização dos eventos "acarretaria riscos acrescidos para a saúde pública”, sublinha-se.


Actualizada com informação sobre o Carnaval de Estarreja

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