Irão volta a ter diplomatas na Arábia Saudita

Iranianos dizem-se prontos a reabrir embaixada em Riad. Para já, volta a funcionar a representação iraniana na Organização da Conferência Islâmica, com sede na monarquia.

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Iranianos e sauditas acusam-se de ingerência no Iémen YAHYA ARHAB/EPA

Ainda não é a reabertura da embaixada do Irão na Arábia Saudita, mas seis anos depois do corte de relações entre os dois países, três diplomatas iranianos chegaram esta segunda-feira à cidade de Jidá para reabrir o gabinete iraniano na Organização da Conferência Islâmica (OIC, na sigla em inglês). Riad, potência regional sunita, e Teerão, potência regional xiita, romperam os seus laços em Janeiro de 2016, depois da execução pelos sauditas de um influente religioso xiita saudita, o que motivou um ataque e o saque da embaixada do reino em Teerão.

“A República Islâmica do Irão também está pronta para reabrir a sua embaixada na Arábia Saudita”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Saeed Khatibzadeh, confirmando que os três diplomatas receberam vistos e estão empenhados em recomeçar o trabalho na organização de 57 membros. Segundo explicou Khatibzadeh numa conferência de imprensa, a reabertura da embaixada está dependente de “esforços práticos do reino”.

O início da reaproximação oficial entre dois países que permanecem rivais aconteceu em Abril do ano passado, quando Bagdad lançou a primeira de quatro rondas de negociações directas – a quinta vai realizar-se em breve, adianta a Al-Jazeera. “Acredito que os sauditas estão interessados em discutir alguns assuntos regionais também, mas, para já, as nossas negociações focam-se em questões bilaterais e no calendário para normalizar as relações”, explicou a semana passada à televisão de notícias o ministro dos Negócios Estrangeiros de Teerão, Hossein Amirabdollahian.

Mas nas relações entre sauditas e iranianas muitas vezes não será fácil distinguir o que são questões bilaterais e regionais. A guerra do Iémen, por exemplo, onde Riad se lançou à frente de uma coligação de países árabes para combater os rebeldes houthis, em 2015, é um dos temas regionais mais prementes para ambos: os sauditas envolveram-se na guerra civil precisamente para conter a influência do Irão, visto como próximo dos houthis (que são xiitas).

Este é apenas um dos casos em que a monarquia acusa a República Islâmica de ingerência nos assuntos dos países árabes, isto ao mesmo tempo que teme o alcance potencial do seu programa nuclear, assim como o programa balístico iraniano.

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