A Mim, Nunca: uma minissérie na RTP Play para voltar a pôr o dedo na ferida da violência doméstica

Teresa Tavares protagoniza uma curta série sobre um longo problema social, com base no podcast de Joana Dias e numa história verídica.

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Teresa Tavares em "A Mim, Nunca" Promenade/DR

A expressão que dá título à nova minissérie saída do RTP Lab, o espaço que a estação pública reserva para primeiras obras ou conteúdos mais experimentais, diz (quase) tudo: A Mim, Nunca é o que muitas vítimas ou sobreviventes de violência doméstica pensariam antes de se verem enclausuradas na teia deste crime. Teresa Tavares é a protagonista de uma história que tem como motor o activismo da jornalista, realizadora e autora desta série, Joana Dias. Uma das suas outras aventuras foi fazer um livro sobre a sua experiência pessoal com a violência doméstica, numa “relação tóxica”, tal como a classifica, que se tornou um podcast da Antena 1. Agora, com os realizadores Ana Brás e Pedro Gomes, conta mais uma história em streaming português da violência doméstica.

Em 2021, a plataforma de streaming portuguesa Opto, da SIC, estreou três telefilmes com nomes como Cláudia Vieira, Miguel Guilherme, Marco D’Almeida ou Lúcia Moniz sob o título Na Porta ao Lado — a proximidade silenciosa da violência doméstica dá azo à associação a outra expressão comum, tanto quanto é comum este crime e tanta quanta parece ser a vontade do audiovisual nacional de denunciar a sua existência.

“A história que queremos contar é verdadeira e acontece todos os dias em Portugal, daí a sua importância e urgência em ser contada”, dizem agora os realizadores Ana Brás e Pedro Gomes, num comunicado enviado pela RTP. “De acordo com a APAV [Associação de Apoio à Vítima], foram registadas 13.093 ocorrências [de violência doméstica em 2020], à parte as inúmeras vítimas que permanecem em silêncio, ano após ano, devido ao receio de represálias por parte dos agressores”, completam os realizadores, que assinam individual e respectivamente os primeiros dois episódios e que dividem a autoria do terceiro e último. Segundo o relatório anual da APAV, em 2020 houve 14.854 crimes de violência doméstica, física e psíquica; de acordo com dados da APAV citados há dias pela CNN Portugal, no mesmo ano morreram 32 pessoas em contexto de violência doméstica.

Nesta minissérie, cada episódio tem cerca de 15 minutos e o rosto de Teresa Tavares a dominar. Há uma dimensão onírica, fruto do medo e do cansaço que ele gera nas vítimas de violência, mas também da necessidade de contar a história da designer gráfica Joana e do filho Lucas. Rui é o pai desavindo, ciumento, violento, obsessivo que deixou um lastro nas vidas que alimentam esta história e que se baseia, dizem os autores, num caso verídico de violência doméstica.

A Mim, Nunca é uma produção da Promenade, que recentemente estreou 5Starz na RTP Play e que se assume como uma produtora com preocupações sociais e contemporâneas nas histórias que quer contar, e tem banda sonora de Noiserv. A minissérie é criada a partir do podcast de Joana Dias na rádio pública (e que está disponível, como todos os conteúdos RTP Play, gratuitamente no site da RTP).

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