Ucrânia diz ter provas do envolvimento da Rússia em ataque informático

“Foi uma manifestação da guerra híbrida que a Rússia está a levar a cabo contra a Ucrânia desde 2014”, afirmou o Governo de Kiev.

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Manifestação anti-Rússia em Kiev SERGEY DOLZHENKO/EPA

A Ucrânia disse este domingo ter provas do envolvimento da Rússia no ataque informático da semana passada a diversos sites governamentais.

"Até à data, todas as provas indicam que a Rússia está por trás do ciberataque”, afirmou o Governo ucraniano, num comunicado.

Esta foi “uma manifestação da guerra híbrida que a Rússia está a levar a cabo contra a Ucrânia desde 2014”, lê-se na mesma nota, citada pela agência de notícias AFP.

Para o Governo da Ucrânia, o objectivo é “não apenas intimidar a sociedade”, mas também “desestabilizar a situação na Ucrânia”, “minando a confiança dos ucranianos no poder”.

No sábado, Serhiy Demedyuk, vice-secretário do conselho de segurança e defesa nacional da Ucrânia, afirmou que um grupo de hackers ligado aos serviços secretos da Bielorrússia seria responsável pelo ataque informático, para o qual teriam usado um malware semelhante ao utilizado por um grupo ligado à Rússia.

O grupo, conhecido como UNC115, está “ligado aos serviços secretos da República da Bielorrússia”, disse o mesmo responsável, que já liderou a unidade de segurança informática da polícia ucraniana. Demedyuk adiantou que o grupo possui um histórico de ataques à Lituânia, Letónia, Polónia e Ucrânia e costuma espalhar narrativas a condenar a presença da NATO na Europa.

O ataque informático ocorreu na madrugada de quinta para sexta-feira e deixou páginas na internet de vários ministérios inacessíveis durante horas.

O ataque cibernético ocorreu no meio de um clima de escalada de tensões entre Kiev e Moscovo, que concentrou um número significativo de forças militares russas ao longo das fronteiras ucranianas.

A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusaram repetidamente equipas de piratas informáticos russos de realizar ataques coordenados contra a sua infra-estrutura estratégica, o que Moscovo nega.

O conflito entre Moscovo e Kiev agudizou-se em 2014, com a anexação da península da Crimeia pela Rússia.

A União Europeia (UE) condenou na sexta-feira o ciberataque e afirmou que o bloco comunitário vai “mobilizar todos os recursos” para ajudar Kiev perante um ataque que já era temido.

“Infelizmente, já esperávamos que isto pudesse acontecer. Evidentemente, não podemos apontar o dedo a ninguém, pois não temos provas, mas podemos imaginar” quem está por detrás do ciberataque, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, à entrada para uma reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 da UE em Brest, França, marcada, entre outros assuntos, pelas tensões a leste, entre Ucrânia e Rússia.

Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou o ciberataque e anunciou que nos próximos dias a Aliança Atlântica assinará um acordo de cooperação cibernética com Kiev.

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