Agora sim, façam as vossas apostas, em Medvedev ou em Zverev

O campeoníssimo Rafael Nadal está presente no quadro, mas a saída de Novak Djokovic levou a um reajuste da lista de favoritos no Open da Austrália.

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Medvedev é o actual número 2 do ranking EPA/DIEGO FEDELE

Como Rafael Nadal frisou há dias, “nenhum evento no ténis é mais importante do que qualquer jogador. Se Novak não jogar, vai ser um grande Open da Austrália”. Essa será a antevisão mais acertada, mesmo depois de se confirmar a ausência do número um do ranking mundial e detentor de nove títulos na Austrália.

Como a programação dos encontros do primeiro dia – adiada o mais possível devido ao recurso apresentado por Djokovic – já tinha sido divulgada quando foi confirmado o cancelamento do visto de entrada no país e consequente deportação do número um mundial, não houve rearranjo na colocação dos cabeças de série, mas Daniil Medvedev e Alexander Zverev passaram a ser os principais candidatos ao título.

Medvedev, 2.º no ranking, assumiu um estatuto superior ao triunfar no US Open, em Setembro passado, sem perder um set na final com Djokovic. E a ausência do líder do ranking não mudou o seu foco em Melbourne. “Se ele estivesse presente, só o poderia encontrar na final e até lá tenho que ganhar seis encontros. Isso não vai mudar nada na minha preparação para o torneio”, frisou o russo, de 25 anos. Contra Medvedev está a história: nenhum tenista fora do Big 3 (Djokovic, Nadal e Roger Federer) conseguiu vencer dois majors consecutivos desde Andre Agassi em 1999 e 2000.

Na mesma metade do quadro está Stefanos Tsitsipas (4.º), mas o grego, que no ano passado eliminou Nadal nos quartos-de-final, ainda não parece estar a 100% depois de ter sido operado ao cotovelo direito, no final de Novembro.

Zverev (3.º) continua sem qualquer título do Grand Slam, mas esteve na final do US Open de 2020 e vem da melhor época de sempre, com seis títulos - destaque para a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio, as ATP Finals e dois Masters 1000. Nos “quartos”, o alemão de 24 anos poderá defrontar Nadal (6.º), que – devido às ausências de Djokovic e Roger Federer (já a treinar-se, mas ainda a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao joelho) –, é, pela primeira vez, o único representante do Big 3 num major e aquele que poderá somar um inédito 21.º título do Grand Slam.

Tal como Zverev, o campeão do Open da Austrália de 2009 e quatro vezes finalista vai estar em acção já no primeiro dia do evento (a decorrer durante a madrugada de segunda-feira em Portugal). Já João Sousa (140.º), repescado após perder na terceira e última ronda do qualifying, defronta na terça-feira o italiano de 20 anos, Jannik Sinner (11.º).

Liderança de Djokovic em perigo

Pouco depois da decisão do tribunal, o nome de Novak Djokovic na primeira linha do quadro, foi substituído por um tenista repescado do qualifying, o italiano Salvatore Caruso, classificado no 150.º lugar do ranking. O sérvio foi levado para o aeroporto e escoltado até à porta de embarque para voar com destino ao Dubai e dar por terminada esta “novela” iniciada no dia 5, quando aterrou em Melbourne. Antes, o tenista admitiu o seu desapontamento, mas adiou outras considerações sobre o caso.

“Vou agora tirar algum tempo para descansar e recuperar, antes de fazer outros comentários. Estou muito desiludido pela decisão, que significa não poder ficar na Austrália e participar no Open. Respeito a decisão do tribunal e vou cooperar com as autoridades em relação à minha partida do país”, disse em comunicado, onde desejou boa sorte ao torneio e a todos os participantes e agradeceu o apoio da família e amigos.

A deportação pode ter maiores consequências e Djokovic poderá ficar três anos sem poder entrar na Austrália. Em termos desportivos, o sérvio vai ficar sem os dois mil pontos conquistados no ano passado em Melbourne, podendo perder o primeiro lugar do ranking para os mais próximos seguidores, Medvedev e Zverev, caso um deles ganhe o torneio.

O ano de Barty?

No torneio feminino, as expectativas recaem em Ashleigh Barty que vai tentar tornar-se na primeira australiana a ganhar o troféu desde Chris O'Neil, em 1978. Indiscutível líder do ranking, Barty vai ser pela terceira vez a cabeça de série número um do quadro feminino, agora com dois majors no seu currículo, depois do triunfo em Wimbledon no ano passado (em relva), que juntou ao conquistado em Roland Garros, em 2019 (em terra batida).

O menor sucesso em hardcourts da australiana eleva o favoritismo de Naomi Osaka, que venceu os seus quatro majors neste piso: US Open (2018 e 2020) e Open da Austrália (2019 e 2021). A japonesa de 24 anos reencontrou a motivação depois de uma época em que acusou desgaste psicológico, só disputou sete encontros desde Junho e caiu para 14.ª no ranking. Barty e Osaka estreiam-se já esta segunda-feira e poderão defrontar-se nos oitavos-de-final.

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