A coelha Acácia e outros animais

Aconteceu o que ainda não tinha sido visto. Inês calou Ventura.

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A líder do PAN debatou esta sexta-feira com o presidente do Chega LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Tudo decorria com naturalidade, sem sobreposições. Houve notas comoventes e Inês de Sousa Real, porta-voz do PAN [Pessoas-Animais-Natureza] até falou da coelha Acácia, o animal de estimação do seu oponente. De espécie em espécie, o presidente do Chega, André Ventura, terminou com o passo que o seu discurso torna inevitável. “Os ciganos tratam mal dos cavalos no Alentejo e no Ribatejo”, acusou.

À margem das questões dos animais, das touradas, da caça, da visão irreconciliável do que é o mundo rural ou a civilização, o objectivo essencial de Ventura era político. Quis saber se o PAN viabiliza um governo do PS, como sugerido no debate desta quinta-feira de António Costa com Rui Rio.

“A avaliação será feita a parir de 30 de Janeiro, há linhas vermelhas com o PSD, a defesa dos eucaliptos, e o PS tem de ser mais ambicioso”, respondeu Sousa Real. “Os eleitos do PAN não atiraram a toalha ao chão no Orçamento do Estado”, recordou.

“Não se desresponsabilize, viabilizou todos os Orçamentos do Governo, nós somos claros, só governamos numa maioria de direita, o PAN devia ir em aliança com o PS, dá jeito ao PAN ser muleta”, disparou. Neste sábado, Inês de Sousa Real tem um frente-a-frente com Rui Rio, e o argumento do Chega não terá sido ignorado pelo PSD.

Entre os que estavam em cena na tarde deste sexta-feira na SIC Notícias pouco mais havia a dizer. Nem de alterações climáticas, da taxação das actividades poluentes ou da ementa mais recomendável para uma vida saudável.

André Ventura lançou os seus argumentos sem convicção porque aquele não era o seu debate. Num momento interrompeu Inês de Sousa Real. E aconteceu o nunca visto. “Desculpe, estou a falar, agradeço que não me interrompa”, disse. E Inês calou Ventura.

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