O presente, pelo olhar do ensaio

O ensaio como género sempre esteve ao serviço de reflexão sobre a actualidade. Esta tarefa, que consiste em perscrutar os sinais mais conspícuos do nosso tempo, tem hoje algumas zonas obrigatórias a percorrer.

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Miguel Manso

As duas grandes áreas temáticas que alimentam actualmente, por todo o lado, uma produção editorial abundante de livros de ensaio são estas: por um lado, as questões ecológicas e as alterações climáticas (a noção de Antropoceno, ainda há pouco tempo apenas usada em círculos restritos, tem hoje uma larga difusão), por outro, as políticas da identidade e as elaborações teóricas que acompanham e estimulam as novas subjectividades a que os estudos queer, feministas e pós-coloniais deram um estatuto importante. Por cá, as livrarias não conheceram esta avalanche, mas há alguns sinais de que não vão permanecer impermeáveis e à margem da corrente. A editora Orfeu Negro tem contribuído para que alguma bibliografia importante nesta área seja publicada em português. Para este ano, anuncia a publicação de Manifestos, de Donna Haraway, um dos nomes mais importantes dos Feminist Studies (nos quais teve um papel pioneiro) autora do Manifesto Cyborg e fundadora do “ecofeminismo”. Vindo de um lugar teórico diferente e crítico de algumas direcções que têm seguido as lógicas das reivindicações identitárias e dos Queer Studies, vamos ter um livro de um jovem filósofo francês, Geoffroy de Lagasnerie, O Meu Corpo, Este Desejo, Esta Lei. Será editado por BCF editores, que já no final do ano publico, deste autor, Sair da Nossa Impotência Política. Quanto ao tema que tem dado lugar a uma persistente “colapsologia”, vamos ter um livro, publicado pelas Edições do Saguão, que não se inscreve num registo mais científico e menos “profético”: Planeta Simbiótico, de Lynn Margulis (a autora, nascida nos Estados Unidos, teve um primeiro casamento com Carl Sagan, morreu em 2011, com 73 anos).

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