Farmville e GTA unem-se em negócio milionário

O conglomerado de videojogos por detrás do franchise Grand Theft Auto e Civilization quer apostar no mercado dos jogos móveis que tem sido menos afectado pela pandemia.

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O Farmville é o maior êxito da Zynga DR

O conglomerado de videojogos Take-Two, detentor das empresas responsáveis por êxitos como Civilization e Grant Theft Auto (GTA), quer tornar-se dona do estúdio por detrás do Farmville, o jogo que popularizou quintas virtuais e notificações sobre galinhas no Facebook. No começo da semana, a gigante norte-americana anunciou as suas intenções de comprar a criadora de jogos móveis Zynga por 12,7 mil milhões de dólares (mais de 11 mil milhões de euros). É mais do que a Disney pagou à Lucasfilm, em 2012, para ter os direitos da saga espacial Star Wars.

Se a compra avançar, a Take-Two, que já é dona de múltiplos êxitos para a consola e o computador, expande o seu catálogo com os jogos da Zynga para o telemóvel. A oferta inclui a série de jogos Farmville 2 e 3 (a versão original deixou de funcionar em 2020), puzzles online do Harry Potter, e séries de desporto como Golf Rival. Um dos objectivos é aproveitar a informação da Zynga sobre os fãs de jogos móveis para entrar num segmento do mercado que não parou de crescer durante a pandemia.

“Esta combinação estratégica une o melhor o melhor dos nossos franchises [de videojogos] para consolas e computador”, justificou o presidente executivo da Take-Two, Strauss Zelnick num breve comunicado. A união também deve facilitar jogos “cross-platform”, um formato em que as pessoas podem jogar diferentes séries ou partes de uma série em várias plataformas. Por exemplo, começar um jogo na consola, em casa, e continuar no telemóvel durante o dia.

Zelnick não avançou mais detalhes, mas numa entrevista à estação de televisão norte-americana CNBC, o líder da Zynga notou que a compra deve ser finalizada em meados de 2022 e que o interesse da Take-Two na Zynga vai muito além do Farmville. O executivo salientou que uma das grandes vantagens da compra é a obtenção de dados sobre os interesses e formas de jogar dos milhões de utilizadores mensais da Zynga.

Milhões de dados

A Zynga diz que tem mais de 183 milhões de utilizadores mensais a aceder às suas várias apps todos os meses. Além dos títulos originais, como Farmville e CityVille, nos últimos quatro anos, a empresa tornou-se uma gigante dos jogos móveis ao comprar várias produtoras de videojogos como a Gram Games (criadora do Merge Dragons!) e a Small Giant Games (Empires & Puzzles). Em 2021, a Zynga tornou-se dona da plataforma Chartboost que ajuda criadores de videojogos a monetizar aplicações móveis e conecta anunciantes com catálogos de apps onde podem expor publicidade.

“[Com a compra] vamos ter uma base de dados de clientes combinada de mil milhões de registos”, justificou o director executivo da Take-Two em entrevista à CNBC. “A Zynga faz uma óptima análise de dados e tem uma plataforma que [será útil] a tudo o que Take-Two está a fazer para telemóvel e free to play [jogos grátis]”, notou Zelnick. “Temos uma grande propriedade intelectual que tem sido expressa [em jogos] para consola e computador que ainda não levámos aos telemóveis.”

Os jogos para telemóveis estão a tornar-se um mercado cada vez mais rentável. A pandemia afectou negativamente as receitas de jogos para computador e consola que, comparativamente a jogos para telemóvel, tendem a depender de equipas maiores e valores de produção mais elevados. Isto tem sido agravado pela escassez global de semicondutores (chips). Segundo dados de Julho da analista de videojogos NewZoo, a realidade levou o mercado de jogos para consola a diminuir 8,9% em 2021 e o mercado de jogos para computador a diminuir 2,8% para 42 mil milhões de euros e 31,3 mil milhões de euros respectivamente. Os jogos móveis têm sido menos afectados, com o segmento a aumentar 4,4% em 2021 para mais de 79 mil milhões de euros.

A equipa da Zynga vê o interesse da Take-Two como um reconhecimento do potencial dos jogos móveis. “O valor que [a Zynga] gera com os jogos sociais, que muitas pessoas não compreendiam, mas que milhões apreciam e amam, foi visto — e visto por uma editora de jogos de topo”, escreveu David Gray, um produtor executivo da Zynga, no blog oficial da empresa.

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