Ex-treinador acusado de mais de 12 mil crimes de pornografia de menores começa a ser julgado em Fevereiro

O homem com 50 anos de idade está em prisão preventiva desde Maio de 2021 e vai a julgamento por um total de 12.254 crimes de pornografia de menores e abuso sexual de crianças.

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O ex-treinador de futebol será julgado no tribunal de Beja EVR ENRIC VIVES-RUBIO

O ex-treinador dos escalões de formação de futebol que foi acusado pelo Ministério Público (MP) de Beja, em Novembro de 2021, de 12.254 crimes de pornografia de menores, sete dos quais agravados, e de seis crimes de abuso sexual de crianças já tem julgamento marcado para 14 de Fevereiro. O homem com 50 anos está em prisão preventiva desde Maio de 2021.

Segundo a acusação, a que o PÚBLICO teve acesso, “o arguido desde, pelo menos, os seus 18 anos de idade que se dedica à detenção, compilação e divulgação de fotografias e vídeos de teor pornográfico com menores, na sua maioria, com idades inferiores a 16 e 14 anos”.

Ainda de acordo com o Ministério Público, o ex-treinador além de ter criado uma página na rede social Instagram para aliciar menores também usava o Messenger de outras redes sociais como o Facebook e o Whatsapp para partilhar ficheiros com conteúdos pornográficos, alguns com sexo explícito, com menores.

Nas buscas efectuadas à sua residência foram também encontrados vários discos rígidos com milhares de ficheiros com os referidos conteúdos.

O Ministério Público sublinha que as imagens e vídeos compilados pelo arguido não se encontram manipulados e representam crianças reais, muitas delas com idade inferior a 14 anos.

Este homem era responsável por um posto de abastecimento de combustíveis em Beja e, fora do seu âmbito profissional, exercia também funções de treinador de futebol das camadas jovens de um clube numa localidade vizinha.

O MP não tem dúvidas em afirmar na acusação que, o arguido quis “obter, deter, visionar, divulgar e partilhar com terceiros ficheiros de imagem e vídeo contendo menores, muitos dos quais com idades inferiores a 16 e 14 anos, com o intuito concretizado de satisfazer os seus instintos libidinosos, ignorando e desprezando a liberdade e autodeterminação sexual das crianças retratadas naqueles ficheiros”.

Acusado de expor menores a actividades sexuais

Além disso, refere a acusação que o ex-treinador “actuou mesmo com o propósito de manter, como manteve, diversas conversações online com vários menores, não podendo desconhecer que alguns teriam menos de 14 anos, conversas essas onde empregava termos íntimos, com conotação física/sexual, aliciando-os a exibirem-se de forma pornográfica perante a webcam, nomeadamente, pedindo-lhes para mostrar e tocarem nos órgãos genitais, exibindo-lhes o seu próprio pénis e expondo-os a actividades sexuais”.

Para que lhe fosse aplicada a medida de coacção mais gravosa, a prisão preventiva, o MP alegou que, “da prova coligida (…) resulta claramente que o arguido é detentor de uma personalidade distorcida, sendo evidente que possuiu um transtorno ou distúrbio sexual que, claramente, não consegue controlar”.

Para o MP qualquer outra medida de coacção que não fosse a prisão preventiva seria insuficiente para acautelar o perigo de continuação da actividade criminosa.

Este processo começou em 2019 e teve origem numa denúncia remetida pelo “Nacional Center For Missing Exploit Children (NCMEC), uma organização privada sem fins lucrativos, criada em 1984 pelo Congresso dos Estados Unidos da América.

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