MI5 descobre agente chinesa infiltrada no Parlamento britânico

Segundo os serviços secretos, a mulher estava envolvida em “actividades de interferência política em nome do Partido Comunista Chinês”.

Foto
Parlamento britânico, em Londres HENRY NICHOLLS/Reuters

Os serviços secretos do Reino Unido (MI5) avisaram esta quinta-feira a Câmara dos Comuns que uma agente ao serviço da República Popular da China infiltrou-se no Parlamento com a intenção de interferir na política britânica.

O “speaker” da câmara baixa de Westminster, Lindsay Hoyle, informou os deputados, por email, que o MI5 descobriu que a mulher “está envolvida em actividades de interferência política em nome do Partido Comunista Chinês (PCC), envolvendo membros do Parlamento.”

“Ela facilitou doações financeiras, quer a actuais membros do Parlamento, quer a aspirantes a sê-lo, em nome de cidadãos estrangeiros baseados em Hong Kong e na China”, acrescentou no email.

Hoyle disse que a mulher esteve envolvida com o agora dissolvido grupo parlamentar multipartidário Chinese in Britain.

De acordo com o alerta do MI5, a mulher, que a BBC identificou como Christine Ching Kui Lee, terá afirmado que o seu envolvimento com membros do Parlamento destinava-se a “representar os chineses do Reino Unido e a aumentar a diversidade”.

Mas, segundo a agência britânica, a actividade de Lee foi realizada em coordenação com um departamento do PCC que o MI5 acusa de querer “cultivar relações” com “figuras influentes” para garantir que o cenário político do Reino Unido seja favorável à China e para desafiar aqueles que levantam preocupações sobre direitos humanos.

Um dos deputados financiados por Lee foi Barry Gardiner, do Partido Trabalhista, que recebeu mais de 420 mil libras (cerca de 500 mil euros) no espaço de cinco anos, segundo a BBC. Em resposta, Gardiner disse que informou sempre o MI5 das doações que recebeu.

A ministra do Interior, Priti Patel, afirmou que é “profundamente preocupante” que alguém a trabalhar em nome do Partido Comunista Chinês tenha como alvo deputados britânicos, acrescentando que a agente chinesa foi desmascarada por causa das “estruturas fortes que o Reino Unido possui para identificar interferência estrangeira”.

Iain Duncan Smith, antigo líder do Partido Conservador que foi alvo de sanções por parte da China por denunciar os abusos dos direitos humanos em Xinjiang, pediu uma actualização urgente do Governo sobre o assunto e questionou por que motivo a mulher não foi deportada.

Por sua vez, Tobias Ellwood, deputado conservador que lidera a comissão de Defesa no Parlamento, considerou que este “é o tipo de interferência que agora antecipamos e esperamos da China”.

As relações do Reino Unido com a China deterioraram-se nos últimos anos devido a questões como Hong Kong e Xinjiang. No ano passado, o MI5 instou os cidadãos britânicos a tratar a ameaça de espionagem da Rússia, China e Irão com a mesma vigilância que é dedicada ao terrorismo.

Também em 2021, o embaixador chinês no Reino Unido foi proibido de participar num evento no Parlamento depois de Pequim ter imposto sanções aos deputados britânicos que denunciaram os abusos dos direitos humanos em Xinjiang.

Sugerir correcção
Ler 27 comentários