André Ventura e Rodrigues dos Santos fizeram faísca. E não foi bonito

Líderes do Chega e do CDS não debateram, trocaram insultos durante 25 minutos. Futebol, Deus, castigos físicos. Veio tudo à baila com decibéis bem elevados.

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O debate decorreu na CNN pelas 18h desta quarta-feira LUSA/RTP

Ao 23.º debate, estalou o verniz. Os líderes do CDS e do Chega, Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura, sentaram-se para debater, começaram a discutir propostas concretas e rapidamente acabaram a trocar insultos. “Vocês são a direita fofinha e mariquinhas”, “são a bengala rejeitada pelo PSD” e o líder centrista é “um menino mal preparado”, atirou o presidente e deputado do Chega. “André Ventura é um cata-vento”, “um fanático”, que gosta “da berraria e da escandaleira”, que “só é contra a corrupção quando não são os amigos deles”, acusava Rodrigues dos Santos. Os dois líderes fizeram faísca e o debate tornou-se num verdadeiro concurso de insultos.

Foi o líder do Chega que abriu o debate, lançando-se logo ao ataque contra a “direita fofinha e mariquinhas”. O centrista ainda tentou demonstrar as incoerências políticas de Ventura, defendeu as pessoas que precisam do apoio do rendimento social de inserção, sublinhou que um partido democrata-cristão não pode ser “racista, a favor da perseguição étnica, pela pena de morte ou castigos físicos”. “O Chega é uma caricatura da direita que interessa à esquerda. Não tem doutrina, nem substância. Não é um partido, é uma interjeição”, defendeu.

Ventura continuava a dizer que o CDS “não é carne, nem peixe” e que “se esqueceu de ser a direita” e que é por isso que as sondagens lhe dão “apenas 0,5% das intenções de voto”. O Chega tem actualmente apenas um deputado, enquanto o CDS tem cinco. Segundo as sondagens, enquanto o primeiro partido pode estar numa fase ascendente, o segundo encontra-se em queda. Uma das dúvidas das próximas eleições legislativas é perceber, aliás, se vai haver muitas alterações ou não na relação de forças dos partidos no hemiciclo.

Pelo meio, ainda travaram o combate de saber quem é que tinha votado mais vezes ao lado do PS no Parlamento para provar a inconsistência do adversário. Ventura levou uma folha A4 com o número “1798”, Rodrigues dos Santos consultou as suas notas e respondeu que “o CDS só votou menos uma proposta do PS do que o Chega”.

A determinado momento, já nem era possível perceber o que diziam os dois líderes partidários, pois interrompiam-se e falavam um por cima do outro constantemente. Rodrigues dos Santos repetiu várias vezes que Ventura é “ridículo” e terminou a dizer que “um esquadrão de cavalaria em desfilada na sua cabeça não encontra uma ideia”.

Ventura garantia que o Chega “não tem medo das palavras”, defendeu que “quem viola ou mata crianças merece castigos sérios”, lembrou que um dos fundadores do CDS, Freitas do Amaral, acabou a ser ministro de José Sócrates, quando Rodrigues dos Santos o acusou de ter ido buscar ao BE um candidato para encabeçar a candidatura pelo círculo de Coimbra.

A lista de insultos e acusações é extensa. O líder do CDS chegou a dizer que Ventura era “o rei da bazófia” e se queria cortar o salário dos deputados devia dar o exemplo e doar dinheiro a uma instituição de solidariedade social. Por seu lado, o deputado do Chega terminou a argumentar que Rodrigues dos Santos já não seria líder do CDS no dia das eleições, a 30 de Janeiro, pois o seu mandato terminava dia 26, em alusão à data do último congresso electivo do CDS.

O debate acabou com os dois ainda a tentarem replicar. Os sorrisos que insistiam em manter nunca disfarçaram a irritação mútua.

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