Autarcas criticam suspensão das carreiras de bairro da Carris

Motoristas infectados com covid-19 ou em isolamento levaram a empresa municipal a reduzir a oferta durante esta semana. Não é a primeira vez que as carreiras de bairro são suspensas, mas presidentes de junta insurgiram-se.

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Carris já fez vários ajustes na oferta ao longo dos últimos meses devido à pandemia daniel rocha

A Carris suspendeu esta segunda-feira o funcionamento de 18 carreiras de bairro e passou a operar em horário de férias escolares devido ao número de motoristas infectados ou em isolamento por causa da covid-19. As medidas vão vigorar pelo menos até sexta-feira.

Vários presidentes de junta socialistas insurgiram-se contra as decisões da transportadora, que desde 2017 está na alçada da Câmara de Lisboa. Os autarcas de Santa Maria Maior, Campolide, Misericórdia e Alcântara fizeram saber, em comunicados no Facebook, que foram apanhados de surpresa.

“A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior regista e lamenta que mais uma vez estes novos tempos da Câmara Municipal de Lisboa ignorem as Juntas de Freguesia, não as consultando nem sequer informando”, criticou a autarquia do centro da cidade, recorrendo ao slogan da campanha de Carlos Moedas.

Uma fonte oficial do município disse ao PÚBLICO que a decisão de suspensão das carreiras de bairro tinha sido tomada pela Carris sem intervenção camarária.

Esta não é a primeira vez que a empresa municipal suspende o funcionamento das carreiras de bairro. Há exactamente um ano, no pico de uma vaga da pandemia, só ficaram seis destas carreiras a funcionar e também foi interrompida a circulação do eléctrico 24, dos três ascensores (Bica, Lavra e Glória) e do Elevador de Santa Justa.

Desta vez, a interrupção aplica-se a todas as carreiras de bairro menos sete: 26B (Parque das Nações), 29B (Olivais), 34B (Beato), 37B (Penha de França), 40B (Santa Clara), 41B (Santa Clara) e 64B (Campo de Ourique). O reforço do eléctrico 28 com autocarros mini também está suspenso. Tanto os ascensores (à excepção do da Bica) como o Elevador de Santa Justa se mantêm a funcionar.

“A carreira de bairro é o único meio de transporte que aquelas pessoas têm”, aponta Davide Amado, presidente da junta de Alcântara, referindo-se à 73B, que percorre a Rua da Quinta do Jacinto e a Rua do Alvito, por onde não passam outras carreiras. “Esta carreira de bairro surgiu para resolver um problema de décadas. Não podem fazer as coisas desta maneira”, critica o autarca ao PÚBLICO. Esta semana, o autocarro da junta Azulinho passará pelos locais servidos pela carreira de bairro.

Na Misericórdia, a junta decidiu pôr uma carrinha do serviço porta-a-porta a fazer o percurso da carreira 22B. Na mesma freguesia, o ascensor da Bica encerrou também esta segunda-feira por um período estimado de seis meses para obras de conservação e restauro na cabine que alberga os veículos.

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