Leça-Sporting: 24 anos depois, o reencontro na Taça

“Leões” jogam nesta terça-feira em Paços de Ferreira contra um adversário do Campeonato de Portugal que tem andado longe da I Liga nas últimas duas décadas.

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Amorim está de volta ao banco do Sporting LUSA/MÁRIO CRUZ

“É uma equipa que me lembro de ver na I Liga”, disse Rúben Amorim sobre o Leça, o adversário que o Sporting defronta nesta terça-feira, em Paços de Ferreira, para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Amorim, que estará de volta ao banco “leonino” depois de ter falhado o jogo nos Açores, tem boa memória, porque o Leça já não anda pela primeira divisão do futebol português há mais de duas décadas. O técnico dos “leões” tinha apenas 13 anos quando a equipa de Matosinhos foi de primeira pela última vez na sua história em 1997-98, o fim de uma aventura de três anos consecutivos a bater-se com os “grandes” e a deixar nomes que entraram para a memória colectiva do futebol português.

Em 2022, o Leça Futebol Clube segue na frente na Série C do Campeonato de Portugal, a par de outro histórico em reconstrução, o Salgueiros. Há 27 anos, em 1995, quando regressou à primeira divisão, estava a quebrar uma ausência de 50 anos, depois de uma única presença entre os “grandes” em 1941-42 – esteve do lado errado da maior goleada da história da competição, um 14-0 frente ao Sporting, com nove golos de Peyroteo, também um recorde. Essa temporada foi subida e descida logo a seguir, mas, em 1995, o Leça chegou à primeira para ficar e podia ter ficado mais tempo.

Nunca eram épocas tranquilas. O Leça era daquelas equipas que chegava às últimas jornadas a lutar pela manutenção. Em 1995-96, salvou-se por apenas um ponto, condenando à descida o Felgueiras de Jorge Jesus (e com um jovem Sérgio Conceição na equipa). Na época seguinte, nova luta ganha contra a despromoção e um 14.º posto, três pontos acima da linha de água. A temporada que se seguiu até seria a melhor em termos desportivos, um 12.º lugar, mas a despromoção chegou por outra via – buscas em casa do árbitro José Guímaro encontraram um cheque de 500 contos passado por Manuel Rodrigues, presidente do clube na altura, e o Leça caiu para a II Divisão.

Dessas equipas, houve vários jogadores que fizeram história no futebol português. Jaime Magalhães, médio campeão europeu e uma vida inteira no FC Porto, fez os seus últimos jogos com a camisola do Leça. Cao, médio campeão mundial de sub-20 com a selecção portuguesa em 1991, fez boas épocas nos leceiros, tal como Tozé, outro médio campeão mundial de juniores (1989). Ricardo Carvalho, um dos melhores centrais da história do futebol português, fez a sua primeira época como sénior no Leça, a jogar à frente de Vladan, uma muralha sérvia na baliza com quase dois metros de altura.

Nenhum nome será, no entanto, tão marcante como o de Constantino, o pequeno e ligeiro goleador que ficaria conhecido como “Tino Bala”. Foram 225 jogos e 85 golos marcados pelo Leça, com uma produtividade de fazer inveja sobretudo nas épocas em que esteve na primeira divisão com a equipa matosinhense – 15 golos em 1995-96 e 1996-97, e 12 em 1997-98.

O historial do Leça com o Sporting é francamente favorável aos “leões”. Em 13 jogos, os “leões” apenas cederam um empate (1-1 em 1995-96) e uma derrota (1-0, em 1997-98, com um golo do espanhol Fran após assistência de Pedro Estrela). Cinco destes jogos foram para a Taça de Portugal – o Sporting saiu vencedor em todos eles –, mas o Leça tem feito a sua vida na competição a eliminar equipas de primeira. Já afastou Arouca e Gil Vicente e, por certo, não quer ficar por aqui.

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