Djokovic faz o 40-30 frente à Austrália. Resta-lhe “fechar o jogo”

O tribunal decretou nesta segunda-feira que deve ser anulada a recusa do visto de Novak Djokovic e que o jogador, retido até decisão judicial, deveria ser libertado. O sérvio poderá, portanto, participar no Open da Austrália. Até ver...

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Reuters/TOBY MELVILLE

Djokovic talvez jogue, depois joga, depois não joga. Agora, joga novamente – e, que se saiba, é esta a versão final da história e o tenista sérvio Novak Djokovic vai participar no Open da Austrália. Mas será que vai? Numa trama como esta é difícil de garantir. Como num bom jogo de ténis, os espectadores têm virado a cabeça para a esquerda e direita, assistindo a disparos de um lado e resposta do outro.

O 0-15 sorriu à Austrália, que estipulou regras de vacinação contra a covid-19 que impediam Djokovic – que recusou a vacina – de entrar no país e, por extensão, de ir a jogo no torneio do Grand Slam. O sérvio fez o 15-15, conseguindo a já muito badalada excepção médica e consequente autorização do visto para entrar no país. O 15-30 caiu para a Austrália, que teve a autoridade fronteiriça a dizer que o visto do jogador não era legal – e Djokovic, entretanto retido, teria de abandonar o país.

O número um do ranking ATP fez, nesta segunda-feira, o 30-30, com a notícia de que o tribunal decretou a anulação da recusa do visto. Houve, horas depois, o 40-30: Djokovic respondeu à decisão do tribunal com a garantia de que vai a jogo no Grand Slam.

Com o “marcador” em 40-30, Novak Djokovic só vai fechar o “jogo” a seu favor quando entrar num court do Melbourne Park.

Nações em duelo

O juiz Anthony Kelly indicou que Novak Djokovic, retido desde quarta-feira, deveria ser libertado em 30 minutos. Além disso, teria de volta o seu passaporte e bens pessoais, bem como pagas todas as despesas legais neste processo. Kelly, “anjo da guarda” do sérvio nesta novela, acaba por decretar, indirectamente, que Djokovic pode participar no Open da Austrália.

Recorde-se que o problema com o sérvio tinha a ver com o visto de entrada no país sem vacina contra a covid-19 e não propriamente com a autorização para participar no certame de ténis – essa já tinha sido garantida inicialmente pela organização do torneio.

Houve, depois, a já muito falada retenção do jogador e o braço-de-ferro institucional. O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, avançou que não haveria regime excepcional para Djokovic: “Se ele não conseguir fornecer provas suficientes de que não está vacinado [contra a covid-19] por razões médicas, não é diferente de qualquer outra pessoa e embarcará no próximo avião para casa”.

Já Aleksandar Vucic, Presidente da Sérvia, anunciou que o país ofereceu apoio diplomático a Djokovic, que considerava estar a ser vítima de perseguição política, versão corroborada também pelos pais do jogador, que falaram até de “tortura” e “assédio”.

“Tortura” e “assédio”

A decisão do tribunal, nesta segunda-feira, fez pender a balança para o lado sérvio e, já ao início da tarde, Djokovic reagiu a esta notícia nas redes sociais. “Estou satisfeito e grato por o juiz ter anulado o cancelamento do meu visto. Apesar de tudo o que aconteceu, quero ficar e tentar competir no Open da Austrália”, escreveu no Twitter. E acrescentou: “Continuo concentrado em jogar. Voei até aqui para jogar num dos eventos mais importantes que temos e perante fãs fantásticos”.

Mais expansivos e atentos aos soundbytes do que Djokovic, os pais do jogador deram uma conferência de imprensa na qual falaram do maior triunfo da carreira do sérvio. “Não quero pensar nisso [deportação decretada pelo Governo australiano], mas apenas que vai continuar livre e vai jogar (…) foi o maior triunfo da sua carreira”, disse a mãe de Djokovic. Já o pai saudou a decisão do juiz, considerando que essa foi uma vitória “de todo o mundo livre”. “Ele está fantástico. Tem uma força mental que esta situação não alterou. Deu-lhe energia adicional. Mal pode esperar por 17 de Janeiro e que o torneio comece. Ganhará os próximos dez torneios”, previu.

O Open da Austrália começa dentro de uma semana e, até lá, Novak Djokovic terá de recuperar a rotina de treino entretanto perdida desde quarta-feira, dia em que aterrou em Melbourne. Se vencer na Austrália, conquistará o 21.º troféu em torneios do Grand Slam, deixando de ter a companhia de Rafael Nadal e Roger Federer, ambos com 20.

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