Mourinho vive filme de terror e falha 650.ª vitória

Roma esteve a vencer por 3-1, mas a Juventus deu a volta ao marcador em sete minutos. O mais longo jejum da carreira do treinador português promete prosseguir esta época.

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José Mourinho EPA/RICCARDO ANTIMIANI

José Mourinho chegou à Roma esta temporada para tentar inverter no clube italiano o seu mais longo jejum de títulos desde que se estreou como treinador principal no início do século. Nas 17 temporadas seguintes, o treinador português amealhou 25 troféus, incluindo duas Ligas dos Campeões, mas seguiu-se uma inédita seca de quatro épocas sem nada vencer. Este primeiro ano na capital transalpina não deverá alterar o cenário. A equipa sofreu, este domingo, uma dura derrota na 21.ª jornada do campeonato (a nona na prova), daquelas difíceis de digerir. Aos 53’ vencia por 3-1 a Juventus, acabando o conjunto de Turim por dar a volta ao resultado em sete minutos diabólicos.

Depois da pesada derrota a abrir o ano no campo do AC Milan, por 3-1, na última quinta-feira, tudo parecia indicar que a Roma iria regressar aos triunfos perante o seu público. Ainda mais, quando aos 11’, o internacional inglês Tammy Abraham subiu as expectativas ao abrir o marcador. Um jogador que Mourinho conheceu na formação do Chelsea, convencendo os dirigentes romanos a desembolsarem 40 milhões de euros pela sua contratação.

A festa não durou muito, porque Paul Dybala empatou o encontro, aos 18’, resultado com que se chegou ao intervalo e que não faria prever o furacão da segunda metade. A Roma entrou muito bem e voltou a colocar-se em vantagem logo aos 48’, com golo do arménio Henrikh Mkhitaryan, outro velho conhecido do técnico português, que o orientou no Manchester United.

As coisas pareciam correr bem para os homens da casa que, aos 53’, ampliaram a vantagem para euforia das bancadas. Desta vez, os aplausos foram para o italiano Lorenzo Pellegrini, formado no clube. O ambiente era alegre e Mourinho não anteciparia o pesadelo que se aproximava.

Aos 70’, Manuel Locatelli fez o 3-2 e recolocou em jogo os visitantes, que aproveitaram a tremedeira da equipa da casa para igualar a partida no instante seguinte (72’), com um golo do sueco Dejan Kulusevski. E ao desnorte defensivo romano respondeu a Juventus, aos 77’, com a reviravolta no marcador. Tudo em apenas sete minutos. A má sorte da Roma e do seu treinador ficou comprovada nos minutos finais, quando Pellegrini perdeu a oportunidade de bisar na partida, falhando uma grande penalidade (83’).

Já se sabe que Mourinho não reage bem aos insucessos, mas alguns deixam um particular amargor ao técnico. Na mensagem de Natal aos adeptos romanos convidara todos para marcarem presença nas bancadas na primeira partida de 2022 em casa, frente à Juventus, com uma promessa: “Vai ser divertido.” Não se enganou. Na mesma mensagem, o treinador setubalense disse ainda acreditar que o futuro da Roma irá ser “brilhante”.

Nesta primeira temporada isso ainda não é visível. A equipa ocupa o oitavo lugar, já a 16 pontos do líder AC Milan e não parece ter argumentos para se impor nos lugares de acesso às competições europeias. No ano passado, por esta altura, o conjunto romano somava mais oito pontos, tinha menos quatro derrotas e ocupava o quinto posto.

Longe está a aura vencedora de Mourinho, que levou o FC Porto, Chelsea e Inter de Milão à glória. A poucos dias de completar 59 anos (26 de Janeiro) e na 22.ª temporada como treinador principal, os insucessos no Manchester United e Tottenham levaram-no à capital italiana para relançar a carreira. Continua a uma vitória de completar 650 triunfos, num total de 1023 encontros disputados (63,44%), divididos por nove clubes.

Para já, os dirigentes romanos continuam a acreditar nas capacidades do Special One em reproduzir na equipa da capital o grande trabalho que realizou em Milão. Neste sábado, responderam a mais um desejo do técnico e anunciaram a chegada do inglês Ainsley Maitland-Niles, de 24 anos, que vem emprestado do Arsenal. “Mourinho é um dos melhores treinadores do mundo, se não o melhor”, garantiu o novo reforço à Sky Sports. O futuro dirá.

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