Euphoria, uma segunda temporada para encarar o vício como aquilo que é: “Uma doença”

Zendaya, que ganhou um Emmy com Euphoria e que é produtora executiva de um dos episódios, é a protagonista desta série que atraiu sobretudo os mais novos, apesar de ter cenas fortes e explícitas sobre drogas, sexo e álcool. Nesta temporada exploram-se os triângulos amorosos e os caminhos percorridos em desespero pelos que caem no vício.

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A actriz Zendaya HBO

É o lado mais sombrio da dependência da droga que a segunda temporada de Euphoria pretende explorar. A série dramática que fala do vício – mas que é também um retrato “amplificado” dos problemas que assolam os adolescentes – tem a actriz Zendaya no papel principal e estreia-se esta segunda-feira, dia 10, um dia depois do lançamento nos Estados Unidos. Os oito episódios de cerca de uma hora são lançados semanalmente na plataforma de streaming da HBO Portugal.

A principal lupa está apontada às drogas, mas a narrativa aborda muitos outros temas relacionados com a adolescência (e não só): a influência das redes sociais, a depressão, a necessidade de aprovação social, dúvidas sobre a identidade de género e de orientação sexual, problemas com o corpo. Há espaço para tudo. Com muitas cenas de nudez, existe uma “coordenadora de intimidade” em estúdio para que os actores se possam sentir confortáveis mesmo em cenas mais explícitas.

Ainda que alguns retratos da vida de um adolescente estejam “amplificados” para terem mais impacto, a actriz Sydney Sweeney (que faz o papel de Cassie) acredita que “é importante para todas as gerações”. “É verdade que nos focamos mais nos adolescentes e quase todas as personagens são adolescentes, mas enfrentam situações que se podem relacionar com todas as gerações”, diz ao PÚBLICO, por videochamada. Além disso, diz, podem ser úteis para perceber as preocupações de muitos jovens.

A série criada por Sam Levinson é inspirada na sua própria história de luta contra a dependência de drogas, mas também baseada num drama israelita com o mesmo nome.

“O Sam [Levinson] está mesmo comprometido a entrar na mente dos viciados em droga, o que pode ser importante para os miúdos que viram Euphoria e acharam que era, de certa forma, cool”, conta numa roda de imprensa virtual o actor Colman Domingo, que dá vida a Ali, o confidente de Rue Bennett (Zendaya) que a acompanha nas suas sessões de reabilitação. Tanto Colman Domingo como a actriz Nika King (mãe de Rue na série) dizem em entrevista que tiveram casos na família de dependência de drogas e que isso lhes permitiu retirar ensinamentos sobre como encarar o vício. Para se preparar para o papel, diz Colman Domingo, não foi preciso ir muito longe: “Basta olhar para a humanidade, está por todo o lado, só temos de ser observadores e ter empatia. E encarar por aquilo que é – uma doença”.

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Zendaya HBO

Há cenas intensas que demonstram o desespero: tanto de quem vive com a adicção como de quem tenta ajudar. Muitos dos actores consideram que esta temporada é mais “sombria” e não negam que é um retrato da epidemia de opiáceos nos Estados Unidos. “Removemos a beleza e vemos a Rue a bater no fundo. Na temporada passada parecia que a overdose era o fundo, mas agora vemo-la a enfrentar estas situações terríveis em que algo tem de acontecer para a salvar”, sumariza Nika King.

Zendaya, que depois da infância em programas da Disney é agora também a Michelle Jones (MJ) de Homem-Aranha e a Chani de Dune, diz que não pensou se encarnar este papel seria visto pelos outros como “a decisão certa” – sentiu que o tinha de fazer, para contar uma história verdadeira. “É difícil de fazer, tem de se dizer coisas que nunca diria na vida real”, conta na roda de imprensa virtual. Mas o ambiente é seguro e sentiu que estava em boas mãos. A actriz é também produtora executiva de um dos novos episódios e venceu um Emmy em 2020 de Melhor Actriz numa série dramática pelo seu papel em Euphoria – aos 24 anos, foi a mais nova a receber este galardão.

Nesta temporada, parte da acção decorre entre o trio formado pelas duas protagonistas Rue (Zendaya) e Jules (Hunter Schafer), a que se junta Elliot – interpretado pelo cantor Dominic Fike, que se estreia não só na série como no mundo da representação. Não é o único triângulo amoroso desta nova temporada.

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Rue (Zendaya) e Elliot (Dominic Fike) HBO

Foi em 2019 que se estreou a primeira temporada de Euphoria – e foi um sucesso. Apesar de ter um tom mais negro do que outros trabalhos da actriz e de muitos dos outros actores do elenco, o enredo e as prestações fizeram-se notar e até as maquilhagens da série se tornaram populares (o que também valeu à série um Emmy). No início de 2021, a série ganhou dois episódios especiais – um mais focado em Rue, outro em Jules –, sobre a forma como cada uma lida com o vício de Rue.

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Jules (Hunter Schafer) HBO

Os dois anos e meio de intervalo que passaram entre uma temporada e outra justificam-se com a pandemia. Já a filmagem da série com um vírus à solta acabou por não ser tão “dura” como os actores pensariam. “Os procedimentos eram fazíveis, não nos desviavam muito”, conta Eric Dane, um dos actores não-adolescentes da série, mas cuja personagem tem um passado conturbado e que se liga com muitos dos problemas das outras personagens. “Quando estávamos a filmar e nas cenas tudo parecia normal novamente.”

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