O hino das crianças para mudar o mundo

Um livro que apela a todos para a construção de um mundo mais justo, equilibrado e inclusivo. Com a ajuda da música, sempre presente nas mudanças e revoluções.

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Loren Long
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Página dupla da edição original, da Viking Children’s Book. No mural, pode ler-se, da esquerda para a direita e de cima para baixo, “amar”, “incluir”, “unir”, “gritar”, “perdoar”, “cantar”, “entoar”, “aceitar”, “sonhar”, “mudança”, “esperança” (págs. 18/19) Loren Long
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Capa de “A Canção da Mudança — O Hino das Crianças”, da Editorial Presença Loren Long

Quisemos que o primeiro livro que sugerimos em 2022 reflectisse o desejo de mudança que sempre acompanha o início de cada ano. Aqui, em A Canção da Mudança, quem manda são as crianças e a música. Haverá melhor forma de mudar o mundo?

“Sou uma canção que se eleva e ressoa. Há esperança onde a mudança soa”, transmite-nos a protagonista, de quem não chegaremos a saber o nome.

Com a sua viola ou guitarra de caixa, vai convidando outras crianças a juntarem-se a um cortejo promissor de uma nova atitude. “A todos procuro compreender, mesmo sem muito entender. Não levanto nem muros nem barreiras. Construo pontes, rampas e passadeiras.”

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Cada uma com o seu instrumento, percorrerão caminhos de ajuda, aceitação, inclusão e união. Uma canção que é um hino de mudança, interior e do mundo.

A autora do texto, Amanda Gorman, escreveu também o poema A Colina Que Subimos, que foi lido na tomada de posse de Joe Biden, actual Presidente dos EUA. Foi a mais jovem poetisa a fazê-lo, aos 22 anos.

“Activista comprometida, trabalha a nível local, nacional e internacional em defesa de causas como o ambiente, a justiça racial e a igualdade de género”, lê-se nas páginas finais do livro.

Numa linguagem simples, mas não árida, a poetisa dá-nos conta da força do espírito comunitário na mudança na vida de todos, independentemente da origem.

“Não falo só da distância entre nós ou de onde são os nossos pais.// Junto as diferenças e, de viva voz, mostro que somos iguais.” Uma tradução feliz de Carla Fernandes, jornalista e fundadora da Afrolis — Associação Cultural e da Rádio Afrolis, duas plataformas com “o objectivo geral de promover o reconhecimento do direito universal que os afrodescendentes têm à liberdade de opinião e de expressão”.

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O ilustrador, Loren Long, já tinha acompanhado Amanda Gorman ao desenhar para A Colina Que Subimos — Um Poema Inaugural.

“É o autor e ilustrador da série Otis, bestseller do New York Times, que será adaptada a série de animação televisiva. É também o ilustrador de Of Thee I Sing, de Barack Obama, e de Love, de Matt de la Peña, também ambos bestsellers do New York Times. Recentemente, ilustrou uma edição moderna do clássico The Night before Christmas, de Clement C. Moore. Loren Long vive em Cincinnati com a mulher e o cão que resgatou, Charlie”, informa-se igualmente no livro.

As imagens que Long cria têm cores quentes e fortes, mas não berrantes, e as figuras transmitem dinamismo, ternura e alegria. Apetece cantar, como sugere a protagonista. Ou até dançar.

E se é sabido desde Heraclito de Éfeso (540-470 a.C.) que “foi através da música que começou a indisciplina”, sejamos indisciplinados se preciso for para a mudança que as crianças reclamam.

“Somos a onda que começa a surgir, porque somos a mudança que se faz ouvir./ Somos o mundo que se está a transformar e sabemos que não vai demorar.// Todos ouvimos a mudança a chegar. Anda daí, vamos cantar?

Bom ano de 2022.

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