Governo francês admite que a explosão no rali Dakar pode ter sido um “ataque terrorista”

Ministro dos Negócios Estrangeiros de França pediu à Arábia Saudita para ser “muito transparente” sobre o incidente da semana passada envolvendo um veículo francês.

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Chefe da diplomacia francesa não exclui cancelamento da prova HAMAD I MOHAMMED/Reuters

A explosão da semana passada de um veículo motorizado francês envolvido no rali Dakar, na Arábia Saudita, pode ter sido resultado de um “ataque terrorista”, admitiu nesta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian.

“Dissemos aos organizadores [da prova] e às autoridades sauditas para serem muito transparentes sobre o que aconteceu, porque existe a hipótese de se ter tratado de um ataque terrorista”, afirmou o ministro, em declarações à televisão BFM e à rádio RMC.

“Pode ter sido um ataque terrorista contra o rali Dakar”, insistiu.

As declarações Le Drian não deverão cair bem junto das autoridades da Arábia Saudita. O organismo de Segurança Pública do país revelou, no dia 1 de Janeiro, que “os processos preliminares de recolha de prova não encontraram suspeitas criminosas”.

Na terça-feira, porém, o Ministério Público francês anunciou a abertura de uma investigação ao incidente, devido a suspeitas de “terrorismo”.

A explosão causou ferimentos graves num dos participantes no rali e envolveu um veículo de apoio da equipa francesa Sodicars, pouco depois de este ter saído de um hotel, em Jeddah, em direcção à local da corrida.

Le Drian informou que as equipas de investigação francesas planeiam viajar até à Arábia Saudita e defendeu que, a confirmar-se o “acto terrorista”, a prova deve ser cancelada. “Nestas circunstâncias, temos de ser muito cautelosos”, disse o ministro.

A tensão entre Paris e Riade não é recente. Há cerca de um mês as autoridades francesas prenderam, na capital, um suspeito de envolvimento no assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, no consulado saudita de Istambul – uma operação que terá sido aprovada pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.

A identidade do detido tinha sido, no entanto, confundida com a do verdadeiro suspeito, pelo que foi libertado imediatamente.

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