Centrais termoeléctricas com emissões de CO2 em mínimo de 31 anos

Dados, referentes a 2021, foram revelados em comunicado conjunto da Associação Portuguesa de Energias Renováveis e da Zero

Foto
Sines, primeiro, e Pego, depois, foram as duas últimas centrais termoeléctricas a funcionar a carvão a encerrar em Portugal Daniel Rocha

A APREN e a associação ambientalista Zero estimam que as grandes centrais termoeléctricas em Portugal tenham emitido, em 2021, 4,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o valor mínimo desde 1990.

De acordo com um comunicado conjunto da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e da ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável enviado à Lusa, que as duas entidades divulgam no início de cada ano, com uma análise da evolução dos principais indicadores da transição energética, “2021 é um verdadeiro recorde, estimando-se um valor de 4,8 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono por parte das grandes centrais termoeléctricas”.

Segundo as associações, entre 2008 e 2018, a produção de electricidade a partir das grandes centrais termoeléctricas, era responsável por emissões de gases com efeito de estufa que variavam entre 10 e 17 milhões de toneladas por ano de CO2. “Com um maior peso de fontes renováveis e menor uso de carvão”, explicam, aquele valor tinha já descido para 6,6 milhões de toneladas em 2020.

As associações lembram que 2021 ficou também marcado pelo encerramento das últimas duas centrais termoeléctricas a carvão, em Sines e no Pego, permanecendo em operação as centrais de ciclo combinado a gás natural de Lares, Pego, Ribatejo e Tapada do Outeiro.

“No total das emissões, englobando também a produção de electricidade associada à co-geração e queima de resíduos urbanos, a APREN e a Zero estimam um decréscimo de 8,3 para 6,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, uma redução na ordem dos 25%, um “recorde” muito significativo, sendo agora inequivocamente o transporte rodoviário o principal responsável por emissões de dióxido de carbono em Portugal”, referem.

Assim, a redução de emissões na queima do carvão, em 2021, foi de 1,4 milhões de toneladas, mas as associações acreditam que o valor só não foi maior “porque havia necessidade de esgotar praticamente todo o carvão existente na central termoeléctrica do Pego até Novembro de 2021”.

Os “importantes marcos do sector renovável” em 2021 resultaram em “inúmeros benefícios para a sociedade, economia e ambiente”, apontam a APREN e a Zero, destacando os 11,6 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas, uma poupança em importações de combustíveis fósseis de 1.979 milhões de euros, uma poupança em importações de electricidade de 599 milhões de euros e uma poupança em licenças de emissão de CO2 de 553 milhões de euros.

Para o ano que está a começar, o presidente da APREN, Pedro Amaral Jorge, considera “fundamental continuar e intensificar a electrificação, forma directa e indirecta, dos consumos de energia, com coesão social e territorial”.

“Em 2021 lançou-se a primeira pedra de um novo capítulo da descarbonização da economia e da sociedade com o contributo da transição energética: o novo Decreto-Lei do Sistema Eléctrico Nacional. Com a fundação implementada, há agora que operacionalizar as melhorias e simplificações ao Processo de Licenciamento de Centros Electroprodutores Renováveis, definir uma estratégia para a RESP [Rede Eléctrica de Serviço Público] que permita a verdadeira democratização da produção de electricidade com benefício para o cidadão, o consumidor, as comunidades e as empresas, e implementar as condições necessárias à aceleração da transição energética”, defendeu o responsável.

Já o presidente da Zero, Francisco Ferreira, considera “determinante que, de forma tão sustentável quanto possível, se invista na redução dos consumos de energia, assegurando maior eficiência e fontes de energia renováveis implementadas de forma sustentável, assegurando novos e mais empregos e uma efectiva descarbonização”.

Sugerir correcção
Comentar