Vice-ministro da Economia de Israel chama “sub-humanos” a colonos que vandalizaram campas palestinianas

Político do partido pacifista Meretz criticava ataques dos colonos numa localidade palestiniana, levando a críticas, incluindo do primeiro-ministro, Naftali Bennett.

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O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, criticou a expressão usada pelo ministro Reuters

O vice-ministro da Economia de Israel, Yair Golan, disse que habitantes de um colonato na Cisjordânia estavam a levar a cabo um “pogrom” contra os palestinianos vizinhos e acusou-os de serem “sub-humanos”, levando a uma rápida condenação do primeiro-ministro e a críticas de vários quadrantes políticos, incluindo um pedido de demissão do anterior primeiro-ministro, afastado pela actual coligação feita de partidos muito diferentes.

Golan falava a propósito de ataques, como campas vandalizadas, de habitantes de um chamado colonato selvagem – os colonatos judaicos em território ocupado são ilegais à luz da lei internacional, mas o Governo distingue entre os que autoriza (e apoia) e os que não (os que chama ilegais, ou selvagens). O colonato em causa, Homesh, foi evacuado pelas forças de segurança na mesma altura em que foi levada a cabo a retirada de Gaza em 2005.

Golan, do partido liberal Meretz, que se opõe aos colonatos, disse que “ninguém deveria estar ali” por se tratar de “um colonato que foi legalmente evacuado”, cita o jornal Times of Israel.

“Estas pessoas que foram viver ali, levar a cabo motins na aldeia de Burqa, destruir campas – eles estão a levar a cabo um pogrom. Nós, o povo judaico, que sofremos pogroms ao logo da História, estamos agora a levar a cabo pogroms contra outros?”, questionou, antes de dizer: “estas não são pessoas, são sub-humanas, desprezíveis. Não deviam ter qualquer apoio e deviam ser retirados à força do local.”

O primeiro-ministro Bennett – que foi director-geral do poderoso lobby dos colonos Yesha, entre 2010 e 2012 – reagiu dizendo que as declarações são “chocantes”, que generalizam um grupo de pessoas, e que estão na fronteira das acusações feitas durante séculos contra os judeus de matarem cristãos para usar o seu sangue.

Golan respondeu, via Twitter, que se referiu a quem “destruiu campas e atacou inocentes”, perguntando “como se deve tratar estas pessoas?” para concluir: “isto não é o nosso judaísmo”.

O ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que saiu da chefia do Governo após mais de uma década quando foi aprovada a coligação actual, formada por oito partidos tão diferentes desde o Meretz (esquerda pacifista) ao Yamina (direita nacionalista) de Bennett, aproveitou a discórdia pública para dizer que Bennett devia demitir o ministro.

Mas, segundo o Times of Israel, a demissão de Golan só pode ser decidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, não por Bennett.

Lapid disse para já condenar “todo o discurso abusivo que arraste a sociedade israelita para um extremismo polarizador e destrutivo”. Os ministros do Governo de que é o número dois – e que, se se mantiver em funções, chefiará na segunda metade – devem “ser um exemplo pessoal de discurso livre e justo mesmo em relação aos que pensam de modo diferente”.

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