Gritar e partir: holandeses encontram maneiras de libertar a frustração por causa da covid-19

Bares, restaurantes e a maioria das lojas holandesas estão fechadas desde meados de Dezembro, quando as restrições entraram em vigor para conter um número recorde de casos de coronavírus.

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Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW
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Oficina de conserto de automóveis
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Um balança uma marreta e o outro um pé de cabra, os irmãos gémeos Steven e Brian Krijger sorriem enquanto se revezam destruindo um velho Peugeot 106 pintado com spray com palavras que amaldiçoam a pandemia. Os irmãos fazem parte de um projecto que surgiu nos Países Baixos com o objectivo de ajudar as pessoas a libertar a raiva e a frustração acumulada por causa da doença que tem condicionado a vida de todos, nos últimos dois anos.

Bares, restaurantes e a maioria das lojas holandesas estão fechadas desde meados de Dezembro, quando as restrições entraram em vigor, para conter um número recorde de casos de coronavírus. “Hoje em dia não há nada para fazer”, lamenta. “Não podemos trabalhar porque temos um bar e estamos fechados. Então, pensamos em libertar um pouco dessa frustração e destruir um carro.”

Merlijn Boshuizen, que dirige o projecto “CarSmash” num estaleiro de demolições em Vijfhuizen, perto de Amesterdão, diz que os clientes começam por pintar com spray o veículo escolhido. Primeiro escrevem o que lhes vai na alma, depois espativam-no. “No minuto em que começam a destruir o carro, pedimos que fechem os olhos, sintam os pés no chão e a força de cada músculo do seu corpo, sintam o que estão a fazer e, dessa forma, libertem o que sentem.”

A alguns quilómetros a sul, em Haia, a terapeuta da voz Julie Scott criou o “Screech at the Beach”, um projecto com objectivos semelhantes ao do CarSmash”, que desenvolveu enquanto procurava “algo físico e algo para libertar um pouco da tensão” acumulada por não ser capaz de trabalhar dentro de casa.

Lado a lado, enfrentando o vento, Julie Scott apoia Rozemarijn Kardijk, sua cliente, a libertar a tensão. As mulheres saltam, para cima e para baixo, e gritam até perder o fôlego. “A pessoa pode apenas deixar-se levar...”, descreve Rozemarijn, secretária de administração, que espera aprender a falar com mais confiança com a ajuda destes exercícios.

“Quando aqui estamos, não é preciso pensar noutras coisas, é a vastidão da praia e do mar... A nossa voz vai além do mar e não volta. É uma sensação de liberdade”, conclui.

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