A BMW criou um carro que muda de cor

A fabricante de automóveis alemã inspirou-se na tecnologia dos leitores digitais para criar um veículo com uma carroçaria que alterna entre preto e branco.

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O protótipo BMW iX Flow com E Ink BMW

Os engenheiros da BMW inspiraram-se nos ecrãs usados nos leitores de livros digitais (tipo Kindle ou Kobo) para desenvolver carros que mudam de cor, como camaleões, consoante a vontade do condutor. A tecnologia, que usa E Ink (tinta electrónica), foi apresentada esta quarta-feira na Consumer Electronics Show (CES), a enorme feira de tecnologia de consumo que decorre anualmente em Las Vegas, nos EUA. A carroçaria do BMW IX Flow alterna entre preto e branco ao toque de um botão, com um bónus: a marca alemã diz que a tecnologia também é amiga do ambiente.

Se é legal ter um carro que muda de cor? A equipa da BMW ainda não consegue responder; o objectivo é mostrar que a tecnologia existe. Antes de chegar aos consumidores terá de ser discutida com as autoridades relevantes.

A “missão”, reiterou Frank Weber, que lidera o departamento de investigação e desenvolvimento da BMW, é demonstrar como é possível ter “experiências digitais no exterior” dos carros. “Para já, estamos a trabalhar na transição entre carroçarias pretas e brancas”, resumiu Weber numa apresentação do E Ink para jornalistas. “Queremos mostrar que no futuro as experiências digitais [nos carros] não se vão limitar aos ecrãs. Com o BMW iX Flow, estamos a dar vida à carroçaria de um automóvel.”

A BMW tinha planos para exibir o IX Flow (a visão da marca para o futuro dos carros), bem como o seu novo topo de gama nas ruas de Las Vegas durante a primeira semana de Janeiro, mas a marca alemã cancelou a presença física no evento no final de Dezembro devido à evolução da pandemia no país.

Como funciona?

A tecnologia depende da tinta electrónica (a dita E Ink) dos ecrãs electroforéticos que são utilizados em livros digitais. Estes ecrãs são compostos por milhões de microcápsulas, com o diâmetro de um fio de cabelo, que guardam partículas brancas (com carga positiva) e partículas negras (carga negativa). Cada microcápsula, que pode ser controlada individualmente, é como um píxel de um ecrã tradicional. Ao aplicar um campo eléctrico negativo, as partículas brancas sobem à superfície da cápsula; já ao aplicar um campo eléctrico positivo, as partículas negras são activadas. O controlo de diferentes microcápsulas em simultâneo é o que permite ler textos monocromáticos, ou, no caso do BMW iX Flow, mudar a cor do automóvel.

“É a tecnologia perfeita para mudar um carro de cor sem gastar muita energia”, justificou o designer da BMW Dirk Müller-Stolz na apresentação a jornalistas. A palavra “electroforética” vem das palavras gregas elektron (que detém carga eléctrica) e phoresis (movimento). “Dividimos o carro em vários segmentos, e depois ‘desdobramos’ esses segmentos 3D em porções 2D, para incluir a tecnologia”, continuou Müller-Stolz.

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Cada segmento do iX Flow contém milhões de microcápsulas com partículas pretas e brancas. Dependendo da opção escolhida, a estimulação das microcápsulas faz com que os pigmentos brancos ou pretos se juntem à superfície dando à carroçaria do carro a tonalidade desejada.

Mais do que estética

A marca alemã diz que a tecnologia vai além da estética. “Há vários motivos para querer esta tecnologia. Além da estética, podemos programar os carros eléctricos para mudar de cor consoante o nível da bateria. Ou para o carro alternar cores, como um sinal luminoso de pisca, quando não o encontramos no parque de estacionamento”, sugeriu Stella Clarke, que se especializa na interacção da tecnologia da BMW com o utilizador. “Um dos casos de uso que me interessa é a possibilidade de usar a cor para reflectir a luz ou mesmo absorver a cor no Inverno. Isto mostra que a cor de um veículo pode ajudar a ser mais sustentável.”

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O carroçaria do iX Flow alterna entre preto e branco BMW

Contrariamente a ecrãs e projectores, também não é necessário energia para manter uma determinada cor. A energia só flui no momento da mudança de cor.

“A carroçaria não é imune a riscos”, acrescentou Stella Clarke, questionada por jornalistas sobre a robustez do sistema. “Se a cor não muda, o risco vai ser visível, mas é preciso ser um risco muito severo para impedir a tecnologia de funcionar.”

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Novo BMW iX M60 BMW

Por ora, o BMW IX Flow, com E Ink, é apenas um protótipo do que a marca espera desenvolver no futuro. No entanto, a fabricante bávara levou mais do que ideias à CES. A marca aproveitou o evento para apresentar o BMW iX M60, o novo topo de gama eléctrico que mostra os esforços para desenvolver automóveis mais amigos do ambiente sem descurar a performance. O carro promete ir dos zero aos 100 km/h em 3,8 segundos, com um alcance de 566 km.

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