Cartas ao director

O efeito da falsa abstenção

Não se percebe como há mais de 30 anos de modernização administrativa não é possível ter listas de eleitores razoavelmente actualizadas. Os actuais meios tecnológicos permitem de modo razoavelmente rápido produzir actualizações. Basta ver o que se passa no SNS com as vacinas e controlo dos infectados. Não será muito complicado que todos os óbitos que são registados sejam “transportados” para o Ministério de Administração Interna assim como todos aqueles que tendo imigrado e que residem no estrangeiro sejam transferidos das listas paroquiais.

Quando se passa a imagem de que há uma enorme abstenção – falsa conforme acima referido - leva a que muitos considerem que já que a abstenção é tão grande não é mais um que faz diferença.

É certo que para muitos dos portugueses a nossa democracia é muito mais formal do que substantiva, o que provoca um grande desinteresse pela política e pelos políticos. Basta ver as sondagens para se perceber que 60 a 65% do nosso povo é do centro, um pouco mais à esquerda ou à direita, o que se reflecte nas eleições da Presidência da República. Como tal os “arranjos” com os extremos, sejam à direita ou à esquerda, são desmotivadores para grande parte do eleitorado, e como tal optam pela abstenção. Nada mais errado.

António Barbosa, Porto

Esclareçam-nos

Os debates televisivos entre líderes dos partidos políticos que concorrem às próximas eleições têm sido pobres em termos de programa político. O veredicto eleitoral legislativo, tal como o nome indica, não serve para eleger um primeiro-ministro, mas sim escolher os deputados que irão legislar na Assembleia da República. A fulanização da política afugenta eleitores, engrossa a abstenção e gera populismo...

O PS\António Costa tem vergonha de pedir clara maioria absoluta, então usa de todos os eufemismos, tendo as eleições que por tacticismo quis ter. Nesta altura chovem promessas: Costa promete 900 euros de salário mínimo nacional em 2026. Parece que é um farto aumento, mas nem chega a 50 euros\mês, ou seja 1,66 euros\dia... Prometer sem ter a certeza que vai ser chefe do próximo governo e sabendo que está dependente da Concertação Social - não é sério. É demagogia eleitoral. Os debates têm tido picardias e provocações e menos propostas fundamentadas.

Assim, não é de admirar que a abstenção ganhe com maioria absoluta e, também porque só somos chamados em eleições. Esclareçam-nos.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

​Novas estações do metro

É com satisfação e ao mesmo tempo apreensão, que leio no PÚBLICO de ontem, “Viaduto em Alcântara, túnel no Jardim da Parada: as novas estações do metro”. Por um lado mais transportes, rápidos e seguros, por outro, dar cabo, aparentemente, do vulgarmente conhecido Jardim de Campo de Ourique, da Parada ou Maria da Fonte e raramente pelo verdadeiro nome Teófilo Braga. Campo de Ourique, onde resido há cerca de 70 anos, é um bairro, plano, simpático, acolhedor, um pouco envelhecido, o chamado bairro “familiar”, com um bom comércio e quase tudo o que é necessário para a vida de todos nós. O lindo Jardim da Parada revestido de frondosas, bonitas e bem tratadas árvores, um bonito lago para gáudio da criançada, bons bancos de jardim com costas, assim como um belíssimo jardim infantil. Ainda um antigo e bonito coreto, praticamente desactivado. Um quiosque com algumas mesas onde são servidas bebidas e refeições rápidas. Num lugar à parte, hoje pouco frequentado devido ao mal que nos atingiu, uma série de mesas e cadeiras para os “velhotes” jogarem à “velha” sueca. Um pequeno oásis no meio da confusão em que estamos vivendo, que oxalá não se prolongue por muito mais tempo. É de desejar o progresso, não que mate o passado e seus valores.

Carlos Leal, Lisboa

A passadeira e o poder do dinheiro

Simplesmente vergonhoso o que aconteceu na Av. Dr. Antunes Guimarães no Porto. A história é esta: era uma vez uma passadeira que existia para que nessa avenida movimentada os peões tivessem um sítio para atravessar com alguma segurança. Mas certo dia surgiu um condomínio de luxo e, logicamente, o empreiteiro inicialmente e a Câmara do Porto, agora, entenderam que os carros dos proprietários de tal condomínio são muito mais importantes do que os pobres peões e resolveram que a referida passadeira passa a ter metade da largura inicial para não prejudicar a entrada das viaturas de gente tão importante. Não terá a Câmara do Porto vergonha deste acontecimento que beneficia claramente alguns glorificando, uma vez mais, o poder do dinheiro? E assim continuamos a caminhar neste mundo desigual.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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