Associações de cinema criticam “falta de solidariedade para com a cultura”

FEVIP e a APEC dizem não compreender “a falta de comunicação e coordenação com o sector, que já de si se encontra fragilizado”.

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O cinema em salas enfrenta novas restrições RAJAT GUPTA/EPA

A Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) e a Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC) criticaram esta quarta-feira a “falta de solidariedade para com a cultura” das entidades oficiais, apontando para prejuízos na ordem dos 4,1 milhões.

Em comunicado, as duas associações adiantam que previsões actualizadas esta semana apontam para uma perda de 700 mil espectadores só no período até 9 de Janeiro, contrariando a expectativa inicial de 600 mil, o que representa um prejuízo de 4,1 milhões de euros entre 22 de Dezembro e 8 de Janeiro.

A FEVIP e a APEC dizem não compreender “a falta de comunicação e coordenação com o sector, que já de si se encontra fragilizado, fruto do impacto da pandemia covid-19 em geral e, em particular, das restrições aplicadas entre 26 de Dezembro e 2 de Janeiro”.

Na nota, as duas associações realçam que, seguindo o definido pela resolução de Conselho de Ministros sobre o assunto, até 9 de Janeiro, à entrada das salas de cinema, vai ser obrigatório apresentar certificado de recuperação ou comprovativo laboratorial de teste negativo à covid-19, excluindo a possibilidade de autoteste.

O director-geral da FEVIP, António Paulo Santos, considera, citado na nota, que “para além do desajuste das medidas, é incompreensível a falta de solidariedade das entidades oficiais para com o sector da cultura, uma vez que não auscultam, previamente, quem todos os dias trabalha nesta área”.

“Muitas vezes estas medidas são dadas em cima da hora, actualizadas durante a noite ou até aplicáveis a datas que já passaram, lançando uma confusão tremenda a todos os níveis”, sublinha.

Já a direcção da APEC refere que “nunca houve uma comunicação oficial atempada, por parte do Governo ou Direcção-Geral da Saúde, sobre o tipo de regras a aplicar, impossibilitando a preparação eficaz das equipas, que comportam milhares de trabalhadores”.

“Para mais torna-se impossível informar claramente o público, daquele que é um dos sectores mais rentáveis da cultura portuguesa. Só em 2019, os cinemas receberam 15 milhões de espectadores”, indica a APEC citada na nota.

As duas associações lembram que na semana passada, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) actualizou (na mesma noite) as orientações relativas aos cinemas que, numa primeira instância, não obrigava à apresentação de teste, apenas prova de certificado digital.

Num segundo momento, referem na nota, quando muitos cinemas já tinham tornado público junto dos clientes as novas medidas, surge novo documento a tornar obrigatória a apresentação de teste negativo à covid-19.

Uma outra reivindicação tem sido a “assimetria na aplicação de medidas de saúde pública, no comparativo com outros sectores, como os casinos, os bingos e a restauração. Ora isto traz má imagem para os cinemas, onde não há um único relato de transmissão da doença”, sublinha António Paulo Santos.

As associações lembram que o agravamento de medidas na restauração e estabelecimentos de jogos de sorte ou azar foram aplicadas apenas dias 24, 25, 30, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro, enquanto para os cinemas se estendem até 9 de Janeiro, passando por diferentes regimes de excepção.

“O primeiro vigorou entre 25 de Dezembro e 2 de Janeiro, onde foi obrigatória a apresentação de certificado de recuperação ou teste negativo, nas modalidades antigénio, PCR ou autoteste. O segundo começou dia 3 e é expectável que vá até dia 9, período em que fica excluída a possibilidade de apresentação de autoteste”, segundo as associações.

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