Justiça cega, mas não estúpida

Avaliar os juízes por via de fórmulas mais ou menos rebuscadas pedidas de empréstimo à Economia é criar mais entropia num sistema que já o faz.

Os ingredientes para a receita de hoje (Relatório da Justiça, 2020): 1999 juízes, 1576 procuradores, 33.115 advogados, 3901 solicitadores, 7027 funcionários judiciais, 1081 agentes de execução e 338 administradores judiciais, num total de 49.037 eleitores (uma melga face aos 10.821.244 eleitores para 30/1). Acrescentem-se os “utentes” (palavra horrível), que aqui são o ingrediente-quimera, pois não há números exactos. É isto, no essencial, que faz da justiça um dos menos conseguidos domínios societais pós-74: a falta de verdadeiro interesse e investimento, acompanhado de pouca coragem política para abanar o sistema onde é essencial e manter o que não deve ser mexido, resistindo à tentação do desporto mais praticado em Portugal – alterar a legislação.

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