Cartas ao director

Abstenção<_o3a_p>

Deve saudar-se a importância do texto de Marina Costa Lobo, publicado a 28 de Dezembro, com o título “A grande sobrestimação da abstenção em Portugal”.<_o3a_p>

Em comentários a sucessivas eleições em Portugal escrevi no semanário Voz Portucalense, repetidas observações sobre a incorrecção dos cadernos eleitorais, o que determina que a “análise” que se faz da abstenção se torne negativamente dogmática. Em 28 de Setembro de 2021 escrevia: “importa rever os cadernos eleitorais: como é possível que haja 9,3 milhões de eleitores – maiores de 18 anos – em cerca de 10,4 milhões de cidadãos”. Agora a autora Marina Costa Lobo analisa esse facto com números rigorosos, o que saudamos. Só não entendemos por que motivo as autoridades responsáveis continuaram a usar o número de 9.323.688 cidadãos eleitores para as eleições autárquicas de 2021, e lançam o número de 10.821.244 eleitores inscritos para as legislativas de 30 de Janeiro de 2022, portanto mais que toda a população residente em Portugal (segundo o último censo de 2021, é 10.344.802), o que, mesmo tendo conta os eleitores que são residentes no estrangeiro, é um dado absurdo. O resultado é que os números da abstenção serão de novo falsamente mais altos do que o real.<_o3a_p>

M. Correia Fernandes, Porto

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Eleições

A decisão do Presidente da República de marcação das eleições para dia 30 de Janeiro, nesta altura da pandemia, foi um enorme erro. Agora, os caciques desta terra ficaram felizes e já dizem terem tudo preparado para irem a casa de cada “infectado” com a lista de votação e, quiçá, indicarem muito discretamente onde colocar a cruzinha. E como se irá garantir a não manipulação desses votos? Como se irá garantir a representação dos diversos partidos em todo o processo, a começar pela deslocação a casa de cada eleitor? Tenho muitas dúvidas que tal se consiga. Já viu, senhor Presidente, a confusão que criou marcando nesta altura umas eleições legislativas?

Helena Azul Tomé, Lisboa

Pandemia, não endemia

Tem-se ouvido dizer que a covid-19, designadamente em Portugal, tende a transformar-se numa endemia que, por definição médica, caracteriza uma enfermidade que grassa numa região, seja num povo ou mais alargadamente num país, e que tem causas exclusivamente locais. Atendendo à dimensão dos seus efeitos não parece que essa qualificação esteja certa, pois estaremos longe do vírus, perdendo força, redundar numa potencial constipação com variantes mais benignas. Outro aspecto que nega a consideração de endemia é esta corresponder a causas exclusivamente locais, o que não é verdade na presente situação. Quer a variante Delta, quer a actual Ómicron, não têm causas locais, antes resultam de importação reforçada pela circulação de pessoas entre países. Continuamos em pandemia: 1 - Porque as vacinas chegam de modo defeituoso a várias regiões do planeta; 2 - Porque este vírus é global e dá mostras de não vir a apaziguar-se tão cedo; 3 - Se fosse endémico não provocaria um tamanho número de infecções diárias com perspectivas mais gravosas ainda, no futuro próximo, segundo os especialistas. A realidade é que a pandemia está aí para durar e, se vier, mais tarde ou mais cedo, a reduzir claramente os seus efeitos, não justificando essa classificação, os efeitos benignos que deixar é que, pela lógica, poderão ser considerados endémicos.

Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha

Que tradição é esta?

Não paramos de nos surpreender com o desnorte vivencial do homem em pleno século XXI, portanto, face ao “dito” progresso existencial a que chegou. Contudo, pese embora o que de muito bom se faz em comunidade em prol do semelhante, existem muitíssimos loucos a semear a discórdia, o terror, o ódio e a morte.

Para além de todas as maldades a que diariamente vamos assistindo ou nos são noticiadas, uma das ditas patifarias tem tido lugar na França, aquando da passagem de ano. E, então, ter-se-á tornado numa “tradição”. Na noite do fim do ano 2021 para 2022, foram incendiadas 874 viaturas por todo o território francês.

Ao que chegou a sanha criminosa e ensandecida de uma sociedade a caminho da total desgraça colectiva, por si urdida.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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