Maioria dos partidos concorda com mensagem do Presidente da República

Dirigentes partidários salientaram a importância das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa na mensagem de Ano Novo.

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André Coelho Lima, vice-presidente, respondeu em nome do PSD LUSA/ESTELA SILVA

A maioria dos partidos com assento parlamentar não encontraram um qualquer motivo para criticar a mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa. Antes pelo contrário. De uma forma mais directa ou indirecta todos concordaram com o expressado pelo Presidente da República.

O PSD aproveitou mesmo as palavras “virar de página” para pedir uma vitória na eleição legislativa de 30 Janeiro. “[O Presidente] acentuou muito na pandemia, na paragem económica, na crise social e em algo muito importante para o PSD: a descompensação das pessoas. Ou seja, nos efeitos indirectos ou laterais da pandemia”, começou por afirmar André Coelho Lima.

Para o vice-presidente social-democrata a mensagem do Presidente “acentuou sobretudo na esperança”: “Na proximidade de um acto eleitoral, significa também haver o virar de página a que se referiu o Presidente da República”. André Coelho Lima acrescentou ainda que é “com sentido de dever que nos associamos à necessidade do virar de página do nosso país”.

“Esse virar de página, na perspectiva do PSD, que se apresenta a estas eleições com toda a humildade, com o objectivo de as vencer, precisamente para protagonizar esse virar de página. Essa ambição, esses novos momentos, que o país precisa”, salientou, associando “totalmente” o partido à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.

José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, começou logo por dizer que o partido se revia “plenamente na mensagem do Presidente. “Revemos, em primeiro lugar, porque o país precisa de estabilidade política para consolidar a estratégia de combate à pandemia. E precisa também de previsibilidade nas políticas para assegurar as condições de recuperação da economia e das condições de vida dos portugueses”, começou por afirmar o dirigente socialista.

Questionado que esforços está o PS a fazer se não houver uma maioria nas legislativas, José Luís Carneiro afirmou que “o importante valorizar e sublinhar aquelas que são as duas palavras que sobressaem da intervenção do Presidente: estabilidade política, (…) a previsibilidade das opções de política”. Sobre a expressão “virar de página”, Carneiro viu-a como a de “que todos juntos” vamos vencer a crise.

Entretanto, Rui Rio, lembrando o facto de os socialistas terem manifestado o seu acordo com a mensagem do Presidente, afirmou o seguinte na sua página no Twitter: “Afinal estamos todos de acordo. É preciso virar a página.”

Já o BE defendeu a importância de um “novo ciclo político” depois das eleições legislativas e apelou a uma maioria de esquerda sem “maiorias absolutas ou tentativas de bloco central”.

Bruno Maia fixou as prioridades bloquistas na protecção do Serviço SNS, na subida dos salários e na defesa do clima, considerando que estas três questões só serão acauteladas com “uma esquerda à esquerda do PS que seja forte e saia reforçada destas eleições” de 30 de Janeiro.

“Desde 2019 até agora o PS recusou fazer um acordo à esquerda em torno de compromissos concretos. O que vai fazer a diferença daqui para a frente é a força do voto das pessoas. Se houver um voto que diga que tem de haver uma maioria à esquerda sem maioria absoluta do PS, então essa maioria de esquerda está legitimada e tem de se sentar à mesa para negociar”, afirmou o candidato a deputado do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa.

Para Bruno Maia, “era preciso um acordo escrito em torno de medidas concretas” já em 2019 e o próximo ato eleitoral repete essa necessidade para o futuro do país, com o militante bloquista a sustentar que a esquerda já passou a fase de resposta ao “massacre que foi o tempo da troika e o governo das direitas”.

O PCP destacou as preocupações do Presidente da República relativamente à boa aplicação dos fundos europeus. “Essa é a firme determinação do PCP. Ou seja, que os recursos disponíveis não sejam afogados em corrupção e off-shores e sejam efectivamente aplicados no país e na melhoria das condições de vida das populações”, afirmou deputado António Filipe.

E para o também membro do comité central do PCP essa aplicação deve reflectir “um aumento generalizado dos salários”, “resolver o problema da precariedade”, “dignificar a contratação colectiva” e “reforçar significativamente o Serviço Nacional de Saúde”. António Filipe salientou ainda necessidade de garantir uma “habitação digna” e “creches gratuitas”. Para o deputado, as palavras do Presidente da República “reflectem as preocupações das pessoas”.

CDS-PP acompanhou “na generalidade” a mensagem de Ano Novo do Presidente da República e defendeu que as eleições legislativas de dia 30 podem constituir uma oportunidade para Portugal “virar de página” com a “direita certa”.

“O CDS acompanha na generalidade a mensagem de Ano Novo do senhor Presidente da República”, afirmou Martim Borges de Freitas, presidente da mesa do Congresso do CDS, num vídeo enviado às redacções.

O também cabeça de lista do partido por Aveiro considerou que as eleições legislativas “podem na verdade significar um virar de página porque as pessoas são de facto mais livres para poder votar”, sustentando que “o voto útil em Portugal deixou de existir” porque desde 2015 “não é necessária a maioria de um só partido para governar, como nem sequer é necessária a vitória de um partido para que seja indicado o primeiro-ministro”.

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, saudou “o reconhecimento de uma pluralidade que irá marcar a próxima legislatura” e o “reconhecimento do desafio climático que temos pela frente”.

Porém, lamentou que tenha ficado fora do discurso o “receio de como está a ser assegurado o direito ao voto para todos aqueles que estão reféns desta pandemia” e “uma revolução de empatia, nomeadamente no que diz respeito aos direitos dos animais”.

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) defendeu que “é de facto hora de virar a página” na gestão da pandemia e no modelo de desenvolvimento de Portugal e considerou que as eleições legislativas constituem essa oportunidade.

“É de facto hora de virar a página. Virar a página na gestão da pandemia, e atenção já para o dia 30 de Janeiro em que temos oportunidade de mudar as coisas, que essa oportunidade não seja perdida para muitos daqueles que vão estar em confinamento ou isolamento – é preciso tratar dessa questão –, mas também virar a página no modelo de desenvolvimento de Portugal, nas políticas que são aplicadas em Portugal e que não podem continuar a produzir mau emprego, poucas oportunidades, salários baixos”, defendeu João Cotrim Figueiredo.

André Ventura, líder do Chega, afirmou que o Presidente “continuou a falhar no essencial”: “Foi incapaz de apontar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver, o PS e a extrema-esquerda.”

“Portugal tem hoje muitos problemas para além da situação da evolução do covid e da evolução da pandemia”, afirmou, elencando questões como “as falências consecutivas, a falta de apoio aos negócios, aos comércios, aos empresários” ou a “destruição progressiva de empregos”, acrescentou

Segundo André Ventura, “tudo isto ficou fora dos pontos centrais” do discurso do Presidente da República.

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