2022 tem de ser o ano de “virar a página”, diz Marcelo

O ano que passou não foi o fim e o recomeço que se esperava, considerou o Presidente da República na mensagem de Ano Novo aos portugueses. “Podemos fazer muito e muito mais”, disse.

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O Presidente da República por três vezes repetiu que é preciso fazer muito mais do que foi feito no ano que passou. LUSA/MÁRIO CRUZ

O Presidente da República quer que 2022 seja o ano de, verdadeiramente, “virar a página” da crise pandémica, social e política do país, tanto mais que no ano que findou apenas se “esboçou” o recomeço, “tarde e timidamente”. Na sua curta mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa deixou cinco verbos que quer ver o país conjugar durante os próximos 12 meses: “Consolidar, decidir, reinventar, reaproximar, virar a página”.

“Este 2022 tem de ser mesmo ‘Ano Novo Vida nova'”, disse o Presidente da República, apontando a necessidade de “aprender a viver” com a pandemia, “com a paciência de quem já viveu quase 900 anos, perdeu e recuperou a independência, passou milhentas crises”, mas que “desta vez tem muito mais a fazer para recuperar o tempo perdido”. Uma alusão histórica que dá mais dimensão ao desafio que considera que o país enfrenta agora.

Por três vezes Marcelo Rebelo de Sousa sugere que em 2021 não se fez o suficiente. A segunda foi quando falou do “nosso Portugal”, que este ano assinala “duas décadas da independência de Timor e dois séculos da independência do Brasil”, para a seguir dizer que “podemos fazer muito e muito mais”. E resumiu naqueles cinco verbos o que há a fazer, tarefas que destinou a todos os portugueses, e não apenas aos dirigentes políticos.

Consolidar refere-se ao “percurso para a superação da pandemia”, porque “estamos encaminhados mas falta o fim dos fins”. Foi aqui que disse que entre Janeiro e Março será o período “crucial para que o Inverno ajude a fechar o capítulo”.

Decidir diz respeito às eleições legislativas de 30 de Janeiro, das quais sairá “uma Assembleia da República e um Governo com legitimidade renovada”, um Parlamento “que dê voz ao pluralismo de opiniões e soluções”, e um executivo “que possa refazer esperanças ou confianças perdidas ou enfraquecidas e garantir previsibilidade para as pessoas e os seus projectos de vida”. Palavras que podem ter várias leituras políticas, mas que geraram consenso à esquerda e à direita.

Reinventar é uma tarefa “para todos nós”, sobretudo para os que tiveram as vidas “congeladas, adiadas ou trucidadas” pela pandemia e que, não tendo conseguido refazê-las em 2021, têm agora de as “recriar com imaginação, determinação, teimosia se preciso for”. Mas foi aqui que sublinhou a importância do bom uso dos “fundos europeus irrepetíveis”, “com transparência, rigor, competência e eficácia, combatendo as corrupções e os favorecimentos ilícitos”.

E reaproximar as pessoas, que foi a sua forma de dizer que é preciso “redescobrir a solidariedade, cuidar dos mais sacrificados”: as vítimas do desemprego, da insolvência, da paragem da vida, os mais pobres, os mais doentes, os portadores de deficiência, os emigrantes e os imigrantes, mas sobretudo as crianças, “cujo futuro tem ficado esquecido pela prioridade dada aos chamados grupos de risco”. Enfim, “todos aqueles que vivem no passeio sem sol da nossa rua comum” e que vão “demorar muito mais tempo a aprender a reviver após o que sofreram”.

“Virar a página”, concluiu, porque o ano que findou estava para ser “um fim e um recomeço, mas não foi”. “Esboçou esse recomeço, tarde e timidamente”, sublinhou. E é por isso que 2022 tem mesmo de ser “Ano Novo, Vida Nova"- e aí vão as três vezes que sugere que é preciso fazer mais.

Terminou a mensagem falando directamente de Presidente para os portugueses: “Retomemos a caminhada juntos. Eu estou presente, mais do que nunca. Conto convosco, mais do que nunca”. Uma nota que aponta para a sua centralidade no sistema político, sobretudo num momento de incerteza quanto ao próximo governo. Mas desta vez não falou de estabilidade, uma das suas preocupações desde que é Presidente da República.

Logo no início tinha recordado que faz em Janeiro um ano que foi reeleito e que este “segundo passo do nosso percurso não começou com dias fáceis”. “Foram quase seis meses de pandemia, paragem económica e social, descompensação nas pessoas e desgaste nas instituições”. Apesar disso, “resistimos, contivemos, vacinamos, ensaiamos começar de novo”. Mas agora “é preciso fazer muito mais”.

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