Na Tunísia, as mulheres estão a reclamar os seus direitos com o hip-hop

Os criadores de um álbum de hip-hop feminino que promove a igualdade de género na Tunísia querem incentivar as mulheres a libertarem-se das normas sociais.

Na Tunísia, as normas sociais ainda consideram o rap e o hip-hop formas inadequadas de expressão para as mulheres. O país muçulmano do norte de África, que derrubou o autocrata Zine El Abidine Ben Ali em 2011, e que foi berço de revoltas que alastraram ao mundo árabe, tem um sistema onde as mulheres estão sub-representadas a nível económico e social. Com uma taxa de desemprego jovem de 40%, apenas 28% das mulheres trabalham.

No que toca à igualdade de género, a mudança pode ser incentivada por via das artes. É essa a missão do La Fabrique Art Studio, que através de projectos ligados à música promove a inclusão para jovens sem excepções, com especial enfoque em artistas femininas na música electrónica e digital, dando acesso à arte e cultura para todos. 

Apesar de ter uma carreira no rap há 10 anos, a rapper tunisiana Nesrine Mokdad, também conhecida como Anonymous, diz que ainda está a tentar encontrar o seu lugar e a libertar-se das normas sociais. "Até os meus irmãos, quando ouvem a minha música, dizem: 'Há homens que não conseguiram nessa área, achas que tu vais conseguir? Vai cuidar da tua família, do teu filho, do teu trabalho". Em breve estará pronto o primeiro álbum feminino de hip-hop, Hip-HopEt, algo inédito no Norte de África e no Médio Oriente e que irá ajudar as aspirantes a rappers a impulsionar suas carreiras musicais e abrir caminho para novos talentos, disse o co-fundador do estúdio Mohamed Ben Slam. 

O hip-hop cresceu na Tunísia na última década, tornando-se um pilar da cena artística tunisina após os protestos em massa de 2011. É particularmente popular entre os jovens que dizem que representa uma alternativa à música convencional. O projecto do La Fabrique Art Studio ajuda artistas a escrever letras, produzir músicas e distribuí-las online e em plataformas como as redes sociais. Está previsto o lançamento de um festival para apresentar as mulheres artistas no próximo ano.